- Folha de S. Paulo
Não há correlação entre o valor investido em campanhas e a qualidade dos eleitos
Se já é duvidosa a ideia de congressistas de aumentar de R$ 2 bilhões (proposta do governo) para R$ 3,8 bilhões as verbas públicas a ser destinadas ao fundo eleitoral no ano que vem, fazê-lo à custa de cortes em áreas como saúde e educação soa como uma provocação. Mas é exatamente esse o plano de parlamentares da maioria dos partidos.
A questão do financiamento de eleições é de fato um tremendo de um pepino, e não apenas no Brasil. Acho que o STF fez bem em proibir as doações de empresas, que estavam no centro de quase todos os escândalos de corrupção, mas isso resultou em maior pressão para que as campanhas sejam financiadas pelos cofres públicos.
Não estou entre os xiitas que acham que o gasto público deve ser zero. É do interesse do Estado democrático, afinal, que informações sobre quem são os candidatos e quais são suas propostas cheguem aos eleitores. Mas também não vejo razão para que as verbas destinadas à propaganda eleitoral sejam generosas ou até confortáveis --suficientes, no discurso dos políticos.
O ponto central é que não há nenhuma correlação entre o montante investido numa campanha e a qualidade dos dirigentes e representantes eleitos, que é o que poderia justificar um volume maior de gastos. Ao contrário, há motivos para supor que, quanto mais dinheiro houver, maiores serão as chances de um bom marqueteiro conseguir vender gato por lebre.
Assim, defendo que o total de verbas destinado à propaganda seja pequeno --não há nenhum mal em campanhas franciscanas-- e que ainda sofra reduções paulatinas. É que estamos vivendo um momento de transição tecnológica, que permite fazer com que informações circulem mais a um custo cada vez menor.
Talvez ainda seja cedo para tirar inteiramente do jogo o rádio e a TV, que são mais custosos, mas não há dúvida de que a internet e as redes sociais desempenharão papel cada vez mais preponderante.
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