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Se preferirem, voa em céu de brigadeiro
Ao contrário do que ele faz parecer, governar não está sendo uma tormenta para Jair Bolsonaro. Se as medidas econômicas fracassarem, ele porá a culpa em Paulo Guedes e o substituirá por outro ministro. Já tem nomes em exame.
Se a política de segurança pública não der os resultados esperados, ora, a culpa será de Moro. Poderia haver melhor nome do que o dele para o Ministério da Justiça? Bolsonaro acha que Moro vai bem, mas que ainda não aprendeu direito a fazer política.
Quer tê-lo por perto porque é melhor que “ele mije para dentro do acampamento do que para fora”. Moro poderia ser um desafio para Bolsonaro se disputasse com ele a próxima eleição. Como vice, talvez fosse o ideal, data vênia o general Hamilton Mourão.
O Congresso tem torpedeado parcialmente as muitas propostas que o governo lhe remete. Bem, Bolsonaro tem honrado seus compromissos com os que o elegeram, mas o Congresso é outro poder e goza de independência. Fazer o quê?
Lotear o governo com os partidos para que eles aprovem no Congresso tudo o que Bolsonaro mandar? Aí seria demais. Os bolsonaristas mais devotos não admitiriam. Dá para distribuir cargos com menor visibilidade, e isso está acontecendo.
É a Nova Política – “voila”. Também faz parte dela o uso de dinheiro público para a execução de obras nos Estados. Se o deputado ou senador vota como o governo quer, é recompensado. Nada a ver com dinheiro de emendas parlamentares.
O pagamento de emendas parlamentares é obrigatório. O governo não pode fugir disso. Mas pode garantir mais dinheiro por fora, previsto no orçamento dos ministérios. Cabe ao parlamentar obediente dizer ao governo onde aplicar o por fora.
A aprovação da reforma da Previdência custou por fora uma nota ao governo. Algo como R$ 4 bilhões, segundo parlamentares bem informados. E assim será quando o governo quiser aprovar as próximas reformas sugeridas por Guedes. Nada sai de graça.
Bolsonaro sabe e finge não saber. Os críticos acusam o governo de não dispor de uma boa articulação política com o Congresso. Os atuais articuladores seriam fracos. Bolsonaro não liga para isso. O Congresso é um poder independente, não é? E segue o baile.
Os chamados formadores de opinião azucrinam o governo por causa da sua política relativa aos costumes. Podem azucrinar. Delas, Bolsonaro não abrirá mão. É o que lhe assegura os votos dos evangélicos e demais denominações religiosas.
Os militares estão pacificados. Governo algum os tratou tão bem. Não só por arranjar-lhes empregos, mas por ter-lhes assegurado uma aposentadoria privilegiada e um aumento generoso de salários na hora em que se cobraram sacrifícios ao resto do povo.
Se militar empregado no governo não funciona bem, troca-se por outro. A caserna pode até fazer cara feia, mas já se acostumou. Bolsonaro evitou a volta ao poder do PT – e esse é um preço que os militares jamais terão como pagar. Só agradecem.
A imagem do governo lá fora está muito ruim principalmente por seu descaso com a política ambiental. Os que reclamam disso lá fora não votam aqui. Os daqui que reclamam não votam em Bolsonaro. Os daqui que se beneficiam com o descaso votam nele.
Bolsonaro só teme investigações que possam lhe render um pedido de impeachment (tic, tac). Por isso, enquadrou os filhos para que não ataquem a Justiça e estende o tapete vermelho para o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal.
No mais, bola pra frente, festas privadas no Palácio da Alvorada, comer pastel em feiras populares, estar sempre presente em estádios de futebol, chamar a Record para falar quando achar oportuno e recuar de decisões quando elas significarem encrenca.
Mandou cancelar as assinaturas que o governo tinha do jornal Folha de S. Paulo? Isso implicaria no risco de ser processado por improbidade administrativa? Recuou. Brigou com a Globo? Um dos seus ministros prediletos já pediu uma trégua à Globo.
Quanto a Lula… Mesmo que continue solto, a Justiça não revogará suas condenações, o que o impedirá de ser candidato. Sem ele, a oposição de esquerda ficará órfã. Há, sim, que impedir oposição à direita. Então tome pau em João Dória e em Luciano Huck.
Em resumo: observado do ponto de vista do presidente e dos que o cercam, o mar está calmo. E o céu, azul.
Vaias para Lula
Rejeição
Enquanto o céu parece brilhar para o presidente Jair Bolsonaro, trovões assustam líderes do PT sempre que o ex-presidente Lula aparece em locais públicos considerados inseguros.
Os trovões são as vaias que já o recepcionaram em vários lugares fora do controle do PT. O que isso possa significar é uma coisa que os petistas não ousam sequer pronunciar o nome – rejeição.
Mesmo assim, a rejeição a Lula, medida pela pesquisa VEJA-FSB, é menor do que a de Fernando Haddad, que disputou a eleição presidencial passada com Bolsonaro.
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