sábado, 7 de dezembro de 2019

Julianna Sofia - De manobra em manobra

- Folha de S. Paulo

Congresso turbina fundão e Bolsonaro manobra para garantir verba em 2022

O Congresso maquina para praticamente dobrar o valor que a viúva desembolará em 2020 no financiamento das eleições municipais. Não satisfeitos com R$ 2 bilhões em recursos do fundo eleitoral previstos pelo Executivo na proposta de Orçamento, deputados e senadores buscam assegurar R$ 3,8 bilhões para o pleito do próximo ano.

Manipulam rubricas orçamentárias para retirar essa diferença de verbas da saúde (R$ 500 milhões), de obras de infraestrutura e desenvolvimento regional (R$ 380 milhões), fora uns muitos contos da educação (R$ 280 milhões), além de outras áreas. Encabulados, conchavam ainda para reduzir o desgaste político.

A pindaíba fiscal da União obrigará o Palácio do Planalto a pedir ao Legislativo no ano que vem autorização para emitir R$ 360 bilhões em títulos públicos para pagar despesas ordinárias. Nesse bolo, tem dinheiro do fundão eleitoral que precisaria ser aprovado só no próximo ano. Para evitar a exposição em meio à corrida eleitoral, a estratégia em curso é liquidar tudo em 2019, na xepa das votações que antecedem as festas de fim de ano. Troca-se então no Orçamento uma verba certa para, por exemplo, aposentadorias pelo dinheiro incerto do fundo. Uma tramoiazinha de Natal.

De manobra em manobra, turbinam-se cifras e adaptam-se regras para usar os recursos como a eles convém. "Sou presidente da Câmara, tenho que respeitar o trabalho feito por deputados e senadores. O que eu coloco de forma pública é que é um tema sensível (...) a sociedade não vai ficar satisfeita nunca, mas é preciso financiar a democracia", critica, sem criticar, Rodrigo Maia.

Fala tão escorregadia quanto a que se ouve do outro lado da praça dos Três Poderes. "Eu acredito que, hoje em dia, com a tecnologia, o dinheiro em si não vai fazer mais diferença", ensaboa o presidente Jair Bolsonaro. Embora seu partido em criação, o Aliança pelo Brasil, por ora não entre no rateio do fundão, o ex-peesselista já manobra para garantir parcela da bufunfa em 2022.

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