- Folha de S. Paulo
Entrevista histórica do regime militar mostra diálogo duro, porém civilizado
“A imprensa brasileira, quando não há notícias, tem uma tendência a interpretar as coisas com base em evidências que nem sempre correspondem à realidade.”
“Talvez essas análises estejam até corretas e meu governo venha a ser politicamente fraco e militarmente fraco. Mas eu quero pagar para ver.”
“Se eu não defini minha concepção de democracia, como é que ela pode estar clara? Eu não gostaria de dizer democracia relativa, mas o fato é que democracia plena não existe.”
“Cada poder tem independência na sua seara. Quando um se intromete na seara do outro está errado. Por exemplo, o orçamento. Quando o Legislativo dispunha de plena liberdade para mexer no orçamento, fizemos o levantamento de um número enorme de instituições fantasmas sustentadas pelo Legislativo.”
“Não faço distinção entre civis e militares. Os dois devem ser tratados igualmente. Os militares, por exemplo, devem se comportar de acordo com os regulamentos militares.”
“E no império, o imperador não nomeava todo mundo, e tudo não funcionou bem por tanto tempo?”
“A qualidade do ensino caiu. Chegamos a ter bom nível de ensino superior, professores importados inclusive, mas com súbito aumento de vagas não dava para manter o nível. (...) Sou a favor das manifestações estudantis, desde que não interfiram com a vida da comunidade.”
“O Estado precisa defender-se sim, contra os extremistas que desejam destruí-lo para implantar ideias que o totalitarismo consagra.”
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Parece Jair Bolsonaro, mas é João Figueiredo, em 1978. Já apontado como novo presidente, o general deu entrevista histórica à Folha, agora republicada no início de celebração do centenário do jornal. O texto é famoso tanto pelas declarações fiéis sem registro de gravador quanto pelo diálogo duro porém civilizado entre jornalistas e entrevistado mesmo na ditadura —muito diferente do que ocorre hoje no Alvorada.
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