Pesquisa do IBGE mostra que volume total de investimentos no setor caiu 17,4% entre 2012 e 2017
Um aspecto positivo da crise nesses últimos quatro meses foi a capacidade de reação de alguns segmentos industriais, em parceria com instituições de pesquisa, para converter linhas de produção e atender às necessidades emergenciais das redes pública e privada de saúde. Empresas e pesquisadores desenvolveram soluções inovadoras.
É notável que tenha acontecido em tempo recorde num país com deficiente infraestrutura de internet, e cujo parque industrial há anos retrocede em investimentos em novos processos e produtos, mostra a Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE. “Se existe uma deficiência que o Brasil precisa urgentemente corrigir é sua baixa disposição à inovação”, concluiu o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), de São Paulo, ao analisar a pesquisa.
Com a ressalva devida a algumas iniciativas , o Iedi fez a autocrítica do setor industrial a partir dos dados coletados. Listou, em resumo: “Falta engajamento das empresas; são insuficientes os programas públicos de apoio à ciência, tecnologia e inovação; há pouca interação e coordenação entre instituições de pesquisa, empresas e setor público e pouca integração internacional; e falta mão de obra qualificada.”
“As evidências” — acrescentou— “não são nada animadoras, embora reflitam em grande medida a grave crise econômica de 2015-2016 e a parca recuperação que tivemos desde então. Enquanto o restante do mundo acelera seus esforços para inovar, dando início a um novo paradigma tecnológico, o Brasil peca ao não conseguir constituir um ambiente propício à inovação.”
Numa panorâmica sobre o período de 2012 a 2017, com base na mesma pesquisa, percebe-se que a taxa de inovação no Brasil caiu de 36% para 33,6%, quando medida pela proporção de empresas de todos os setores que introduziram novos processos e produtos. O volume total de investimentos em inovação retrocedeu (- 17,4%).
Houve um esforço para conter cortes de recursos em inovação. Ainda assim, caiu de 0,77% das receitas líquidas para 0,74%. No caso da indústria, essa queda foi de 0,68% para 0,62% no quinquênio.
A preocupação com as perdas em ciência, tecnologia e inovação, vitais à sobrevivência na competição global, transparece em outra pesquisa, realizada em junho pela Confederação Nacional da Indústria.
Das 400 empresas consultadas, 83% reconhecem a necessidade de mais inovação para crescer ou mesmo continuar existindo no mundo pós-pandemia. Julgam prioritário (58%) inovar nas linhas de produção e, em seguida, em meios de vendas (19%). Porém, daquelas que inovam, só 37% afirmam manter um orçamento específico para inovação. E apenas 33% possuem equipes dedicadas aos processos inovadores. Os dados são eloquentes sobre a falta de uma política setorial, coordenada entre empresas e governo.
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