- Folha de S. Paulo
Presidente do STJ aliviou a tormenta de Bolsonaro em um momento bem delicado para o presidente
Próximo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux carrega no currículo uma revelação sobre os bastidores de sua campanha ao tribunal em 2011.
Sob pressão dos petistas, preocupados com o julgamento do mensalão, Fux teria dito "eu mato no peito", segundo admitiu no ano seguinte à Folha.
O ministro, então no STJ (Superior Tribunal de Justiça), foi escolhido por Dilma Rousseff. Ao contrário da promessa feita no escurinho, Fux não matou no peito e votou pela condenação dos envolvidos, inclusive de José Dirceu.
O jogo da sucessão de Celso de Mello, que deixa o Supremo em novembro, já começou e tem candidato dominando a pelota com classe.
Candidatíssimo ao posto do decano, o presidente do STJ, João Otávio de Noronha, mandou Fabricio Queiroz para a prisão domiciliar.
Matou no peito o maior pesadelo de Jair Bolsonaro e deu passe de letra ao conceder o benefício a Márcia Aguiar, mulher de Queiroz, que estava foragida.
Noronha é conhecido nos bastidores do mundo jurídico por ser linha dura na área criminal. Desde o início da pandemia, negou habeas corpus a quatro investigados.
Ele aliviou a tormenta de Bolsonaro em um momento bem delicado para o presidente. Um assessor presidencial tutelado por Carlos Bolsonaro, com sala no Planalto, é apontado como operador de contas falsas na internet para atacar adversários.
Empresários pressionam contra a política ambiental. Aumenta a cada dia a cobrança para a demissão do ministro Ricardo Salles.
No combate à Covid-19, o governo perdeu uma batalha sem nunca ter entrado nela de fato.
Mas nada se compara, em termos de potencial de estrago político, à prisão de Queiroz. O PM aposentado compartilha de segredos da família do chefe da República.
Em recente evento no Planalto, Bolsonaro disse que sua relação com o presidente do STJ foi "amor à primeira vista".
Estará nas suas mãos, daqui a poucos meses, um gesto para que seja eterno enquanto dure.
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