- Folha de S. Paulo
Presidente
joga confete nas queimadas do Pantanal e distorce história da pandemia
Jair Bolsonaro anda
fazendo bico como animador de tragédias. O governo fez pouco caso da devastação
das florestas na atual temporada de seca e viu o Pantanal bater recordes de queimadas nos
últimos meses. Ainda assim, o presidente tentou jogar confete no desastre.
“O Brasil é o país que
mais preserva o meio ambiente”, celebrou, durante um evento nesta quinta (17).
“O Brasil está de parabéns pela maneira
como preserva o seu meio ambiente.”
Bolsonaro desmontou a
gestão ambiental, perseguiu fiscais, protegeu madeireiros e quis maquiar
números do desmatamento. Recentemente, ele atribuiu as queimadas à população
indígena e à geração espontânea. Só não demonstrou grande interesse em combater
o fogo.
O presidente tomou gosto
por comemorar os resultados de sua própria omissão. Para isso, vale distorcer informações, esconder problemas
e até reescrever os fatos a seu favor.
Nas últimas semanas,
Bolsonaro lançou uma campanha nas redes e em eventos oficiais para tentar
convencer a população de que o governo fez tudo certo na pandemia que matou
mais de 130 mil pessoas no país.
Depois de ter deixado o
Ministério da Saúde sem titular por três meses, o presidente usou a posse de Eduardo Pazuello no cargo, na
quarta (16), para aplaudir a si mesmo. Ainda que tenha previsto menos de 800
mortos na crise, Bolsonaro falava como se tivesse dado todas as respostas.
A cloroquina foi a estrela
do discurso. O presidente voltou a fazer propaganda do remédio e disse que o
governo se baseou na agência reguladora dos EUA para recomendá-lo. Bolsonaro só
esqueceu que a própria FDA lançou em julho um alerta sobre os riscos do
medicamento.
Ele também recordou, em tom laudatório, o pronunciamento de TV em que comparava a Covid-19 a um “resfriadinho”, em março. O presidente disse ter avisado que era preciso combater a doença e o desemprego. Naquele mesmo dia, porém, ele afirmou que o vírus passaria “em breve”. Só faltou dar parabéns a si mesmo por não ter feito quase nada.
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