A persistente omissão do MEC comprova que a Educação não tem mesmo importância para o governo
A melhor notícia no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgado ontem é que, em 2019, o ensino médio, motivo de preocupação e dor de cabeça para governantes e educadores, registrou a maior evolução desde que o indicador foi criado, em 2007. A nota média dos estudantes desse segmento no ensino público, o mais problemático, subiu de 3,5 para 3,9. É pouco, longe da meta de 4,8. Mas o resultado deixa para trás um longo período de estagnação.
O Ideb dá o tamanho do desafio que têm escolas públicas e privadas para compensar os estragos pedagógicos causados pela pandemia. Será lamentável se houver um recuo significativo no ensino médio público, como resultado da falta de empenho e de competência nos governos para planejar e executar estratégias capazes de recuperar o tempo sem aulas.
Também há dificuldades nas escolas particulares. Pela primeira vez em 15 anos, o Ideb da rede privada ficou estagnado nos anos iniciais do ensino fundamental, em 7,1, ainda abaixo da meta de 7,4. O ensino público, em compensação, registrou 5,7, ultrapassando o objetivo de 5,5.
No preocupante ensino médio, apesar de ter havido avanço nas duas redes, parece ilusório crer que no próximo Ideb, a ser divulgado em 2022, a média do Brasil alcance as metas: nota 6 no início do fundamental, 5,5 no final e 5,2 no médio — situação comparável à de países desenvolvidos.
Não apenas em razão da pandemia, mas porque a realidade educacional brasileira continua a apresentar grande diversidade. As notas em Português e Matemática subiram em todos os estados, mas ficaram distantes da meta nacional de nota 5. No Ceará, 98,95% dos municípios atingiram a meta para os anos iniciais do fundamental, enquanto, no Rio de Janeiro e no Maranhão, foram menos de 50%. São Paulo voltou a crescer no ranking e lidera no início do ensino fundamental. No final do ciclo, o primeiro lugar ficou com o Ceará. Coube a Goiás a melhor avaliação no ensino médio.
É patente a falta que faz um MEC ativo. O quarto ministro do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro, pode ter deixado de lado a estridência, mas continua mergulhado na inação. Educação não é mesmo prioridade de Bolsonaro. O ensino médio evolui pelo trabalho de estados, que passaram a agir sem esperar a implementação da reforma curricular aprovada ainda no governo Temer.
O próximo Ideb não deverá ser animador, mas o exame de 2019 deixa pistas dos melhores caminhos. Uma delas: resultados positivos estão ligados a um maior investimento do Fundeb por aluno, mesmo antes da entrada em vigor da nova versão do fundo, a partir do ano que vem. Com mais recursos, o futuro pós-Covid poderá ser melhor.
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