Lula
não foi julgado por um juiz equidistante das partes
Se
não houver surpresas, deveremos ter no próximo pleito presidencial um embate
entre Luiz Inácio Lula da Silva, que acaba de ser liberado pelo STF para
concorrer, e o presidente Jair Bolsonaro.
Não
é o meu cenário de sonhos. E não digo isso porque considere Lula um perigoso
radical. Ele já esteve no poder e fez um governo bem "neoliberal",
marcado por generosos superávits primários. Também soube respeitar o sistema
democrático, embora tenha tido condições políticas de torcê-lo para
beneficiar-se. Ele poderia, por exemplo, ter conseguido que o Congresso
aprovasse uma PEC retirando os limites à reeleição. Não o fez, e isso é digno
de crédito.
Duas coisas me incomodam na candidatura Lula. A primeira é que o PT, em tese o partido moderno de centro-esquerda do Brasil, já deveria ter superado a fase das lideranças personalistas que mandam e desmandam na legenda.
A
segunda é a questão da ética. Lula não foi
julgado por um juiz equidistante das partes, e isso justifica a
anulação de suas condenações. Mas, pelo menos para meu tribunal ético interno,
ele precisaria explicar melhor as histórias do apartamento no Guarujá e do
sítio em Atibaia, além do fato de manter relações promíscuas com empreiteiros
confessadamente corruptos. Pela régua moral do jovem PT, isso bastaria para a
sua expulsão do partido.
O
caso de Bolsonaro é mais cristalino. Ele é radical (de extrema direita) e não
tem nenhum apreço pela democracia.
Tem feito um governo desastroso em todos os aspectos, a começar da gestão da
pandemia. Se nossas instituições fossem só um pouquinho melhores, ele já teria
sofrido impeachment e estaria respondendo por crimes comuns. Mas, como estamos
no Brasil do centrão e do eleitor complacente, ele deve chegar ao fim do
mandato, talvez até como candidato competitivo à reeleição.
Não sei quanto a você, leitor, mas, entre o "corrupto" e o "assassino", a escolha não me parece difícil.
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