Pesquisa
mostra que brasileiro não quer mais armas circulando na mão de cidadãos comuns
e muito menos com caçadores, atiradores e colecionadores
Uma pesquisa ainda inédita mostrou que 72% dos brasileiros são contra a flexibilização da compra e do uso de armas, objetivo central dos decretos editados por Jair Bolsonaro e parcialmente suspensos por decisão de Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), na segunda-feira 12 de abril. Os números, levantados pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), instituto que substituiu o Ibope Inteligência, são ainda piores para o presidente quando se pergunta a opinião sobre cada decreto em específico. De uma maneira geral, o resultado mostra que o brasileiro não quer mais armas circulando na mão de cidadãos comuns e muito menos com caçadores, atiradores e colecionadores, os chamados CACs. No Brasil que caminha para as 400 mil mortes por Covid e todo ano registra mais de 40 mil homicídios, arma está longe de ser uma prioridade. Mas, se a população não quer mais pistolas, fuzis etc., quem o presidente de fato quer armar?
Na
pesquisa do Ipec, 86% se disseram contra a permissão de que cidadãos comuns
possam circular com duas armas ao mesmo tempo. Há ainda 81% que desaprovam o
aumento de quatro para seis no número de armas que se pode comprar. Outros 88%
são contrários à elevação da quantidade de armas que podem ser obtidas por
caçadores, colecionadores e atiradores. Foram 2.002 entrevistados pessoalmente,
em 143 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Rosa
Weber suspendeu bem mais que isso. O decreto queria acabar com a necessidade de
autorização prévia do Comando do Exército para os CACs, a criação da validade
do porte de armas para todo o território nacional (hoje, os portes são
estaduais), a possibilidade de clubes de tiro comprarem munição em quantidade
ilimitada e a autorização para a prática de tiro esportivo por adolescentes a
partir de 14 anos, entre outras medidas.
O
único segmento de eleitores a que Bolsonaro até hoje não decepcionou foi o mais
ideológico, um arco que inclui toda sorte de gente. Terraplanistas, extremistas,
religiosos ultraconservadores e, entre outros, amantes de armas. Existe
portanto um aceno a essa parcela de seu eleitorado quando ele se empenha para
flexibilizar o acesso. Mas existe também o risco concreto de que a intenção vá
além disso.
Bolsonaro
já deu sinais claros de que não aceitará o resultado de 2022, caso saia
derrotado. Questionará a legitimidade da eleição e muito provavelmente seguirá
o mesmo roteiro de Donald Trump, afirmando que o pleito foi roubado. O
presidente terá ali um tudo ou nada. Sabe que, se não conseguiu um novo mandato
estando no cargo, a conjuntura de coincidências que o elegeu em 2018
dificilmente se repetirá. E é também provável que estimule saídas fora da lei
para se manter no poder.
Os apoiadores, que, sob seu governo, viram explodir o número de armas que têm em casa vão deixá-las guardadas no armário ao sair às ruas para defender seu presidente?
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