Talvez
pudéssemos encontrar conforto no texto do escritor e dramaturgo Caio Fernando
Abreu: “Nada dura para sempre, nem as dores, nem as alegrias. Tudo é
aprendizado. Tudo na vida se supera”. Cometemos muitos erros. E como disse
Freud: “De erro em erro descobre-se a verdade inteira”. Confúcio ensinou: “Há
três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre;
segundo, por imitação, que é o mais simples; e terceiro por experiência, que é
o mais amargo”.
Na saúde teremos como legado a valorização do sistema nacional de saúde. O SUS teve uma ação heroica para superar seus gargalos e vazios assistenciais. A saúde suplementar teve uma ação solidária e eficiente aliviando tensões adicionais sobre o sistema público. Os profissionais de saúde foram testados ao limite. É o ambiente propício para as mudanças necessárias. O SUS demanda de todos nós reforço orçamentário, clareamento do padrão de integralidade que queremos oferecer e uma nitidez maior das atribuições de cada ator no pacto federativo setorial, para que não se repitam os conflitos que assistimos.
Na
área educacional podemos enfrentar um passivo gravíssimo com o desestímulo às
crianças e jovens mais pobres pela interrupção do processo pedagógico
ocasionado pela pandemia. O Brasil, que universalizou o acesso ao ensino
fundamental e tem uma luta inconclusa em relação aos padrões de qualidade, pode
agravar o abismo social e as iniquidades, cancelando o horizonte de esperança
que os mais pobres depositam na educação de seus filhos, para prepara-los para
a cidadania e o mercado de trabalho.
No
mundo do trabalho, a pandemia revelou um verdadeiro Raio X. Descobrimos os
invisíveis. Revelamos que os nossos cadastros são falhos. Talvez seja a chance
de amadurecermos um cadastro único eficaz e a identidade digital única dos
cidadãos brasileiros. Formas alternativas e flexíveis de relações de trabalho
foram reveladas. Entretanto, apenas uma minoria pode desempenhar suas funções
“on line”. O mundo pós-moderno diferenciou trabalho e emprego. É preciso
repensar o mundo do trabalho acossado pela introdução de inovações radicais. E
a partir daí, reorganizar nosso sistema de seguridade social, pensado para uma
sociedade industrial do século passado.
As
novas tecnologias possibilitam avanços como a Teleducação, a Tele Saúde, novos
serviços digitais, públicos e privados. No momento em que se discute a
introdução do 5G é fundamental estar atento à questão da exclusão digital e ter
como objetivo a universalização do acesso à serviços de qualidade.
Aprendemos,
na pandemia, que o orçamento público não é elástico. O “Orçamento de Guerra” de
2020 que bancou despesas de saúde, auxílio emergencial, apoio às empresas foi à
custa de um forte endividamento. E, o imbróglio do orçamento de 2021 revelou
nossos limites e impõe uma radical mudança estrutural na dinâmica rígida das
despesas públicas.
Mas,
o maior legado da pandemia é se a partir dela construirmos uma sociedade mais
solidária e generosa. Não é a única opção. Escolher o futuro que queremos está em
nossas mãos.
*Marcus Pestana, ex-deputado federal (PSDB-MG)
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