Fazendo
apenas a leitura do que determina a Constituição, o STF mandou que o presidente
do Senado, senador Rodrigo Pacheco, instalasse a CPI da Pandemia
Mais uma
vez o
Supremo Tribunal Federal precisou intervir para que uma das casas do Congresso
Nacional cumprisse sua obrigação. Fazendo apenas a leitura do que determina a
Constituição, o STF mandou que o presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco,
instalasse a CPI da Pandemia. Julgando-se acima de 32 senadores que assinaram o
pedido de instalação da CPI, Pacheco considerou que a hora não era adequada e
sentou-se sobre o requerimento. Foi o ministro Luís Roberto Barroso, mais
adiante referendado pelo plenário do tribunal, quem mandou que ele se
levantasse e pusesse a comissão em andamento.
Rodrigo
Pacheco imaginava
que poderia fazer como seu xará da Câmara, Rodrigo Maia, que por dois anos
engavetou mais de 30 pedidos de impeachment por 12 crimes de responsabilidade
cometidos por Jair Bolsonaro. Não podia. Para instalar CPIs, a Constituição não
lhe deu o poder conferido ao presidente da Câmara nos casos de impeachment.
Pacheco fez beicinho, tentando revitalizar aquela sua cara de bom menino, mas
engoliu a ordem judicial e mandou abrir a CPI.
O
argumento do
senador para não instalar a comissão, além de inconstitucional, era torto na
lógica. Ele disse que a hora era inoportuna para discutir os crimes cometidos
na pandemia porque estávamos no meio da pandemia. Mais ou menos como dizer não
vamos atrás de quem está dando os tiros que matam tanta gente porque ele está
atirando.
A ordem de Barroso serviu também como um pito no senador, e a vergonha que Rodrigo Pacheco passou provou mais uma vez o valor do Supremo. Não foi a primeira vez que a mais alta Corte da justiça brasileira se viu na contingência de mandar outro Poder da República fazer ou deixar de fazer alguma coisa por ser fora da lei ou inconstitucional. Muito recentemente impediu que o presidente da República nomeasse o delegado Alexandre Ramagem para a direção da Polícia Federal, impedindo que o órgão fosse usado explicitamente como instrumento da ação inescrupulosa de Bolsonaro e de seus zeros.
Na
decisão que
anulou as condenações de Lula na Lava-Jato, o Supremo não entrou no mérito da
questão ao atender argumento da defesa do ex-presidente que alegou ter sido
usado foro inadequado, que os crimes pelos quais Lula é acusado não teriam
origem na Petrobras. Você pode dizer que foi um desaforo à Lava-Jato. Foi. Mas,
mesmo tardia, a decisão baseia-se em fatos incontestáveis. As acusações
julgadas pela Lava-Jato não diziam respeito exclusivamente aos desvios na
Petrobras.
Lula
terá outra chance para tentar explicar o tríplex com a cozinha da
OAS, o sítio de Atibaia, com a mesma cozinha, o apartamento vizinho ao seu
comprado sabe-se lá com dinheiro de quem, e as questões do Instituto Lula, mas
não em Curitiba. No julgamento da suspeição do juiz Sergio Moro, o Supremo já
indicou o caminho que provavelmente tomará. Mais uma vez, evidências
conformadas por escutas telefônicas depõem contra o ex-juiz, o que facilita a
decisão.
Em ambos
os casos, Bolsonaro
e sua tropa vão alegar decisão política. Não foi, mas fez bem para a política e
deixou o tresloucado capitão ainda mais baratinado. Por isso, aliás, ele
instrumentalizou um senador exótico para tentar forçar o STF a mandar o Senado
abrir processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes. Era um
movimento tão fora da curva que nem mesmo Kassio Nunes, o mais fiel ministro de
Bolsonaro, comprou a ideia.
O
leitor pode
dizer que o STF já errou muitas vezes em temas importantes para a nação. Pode
ser. Mas, é mais provável que os erros existam a partir do seu ponto de vista,
ou mesmo do ponto de vista da maioria dos cidadãos, e que muito certamente não
terão sido erros à luz da lei. Para se mudar o entendimento dos ministros do
Supremo sobre determinado fato, deve-se antes mudar a lei ou o artigo da
Constituição que tratam do assunto. O fato inarredável é que o STF é imprescindível
para o país. E o Brasil é melhor com um Supremo corajoso e atuante.
Reconstrução
Renan
Calheiros quer aproveitar a CPI da Pandemia para recalibrar sua biografia. Não
vai ser fácil, dado o volume
das denúncias que pesam contra ele. Apenas no Supremo
Tribunal Federal o senador responde a 17 inquéritos. Mas, claro que a
oportunidade é boa. Se fizer um relatório que realmente aponte os crimes cometidos
pelo presidente e seu ministro-general, ele pode sair da CPI maior do que
entrou. Bolsonaro sabe que Renan gosta de negociar, mas preferia outro na
relatoria da CPI.
Foco
único
A
ampliação do escopo da CPI da Pandemia não vai tirar o seu foco dos crimes cometidos pelo governo federal na
condução da crise sanitária. Até porque usos indevidos de dinheiro público nos
estados, repassado ou não pelo governo federal, já estão sob investigação nas
assembleias, ministérios públicos e tribunais regionais, inclusive com o
afastamento de governadores. E as alianças dos senadores nos estados são muito
importantes, sobretudo porque o ano que vem é eleitoral.
Hora
da conta
Coloquem
barreiras de acrílico, convoquem somente os servidores vacinados, chamem os senadores suplentes
com mais de 60 anos e também já vacinados (são 40, segundo levantamento, nome
por nome, feito por Eliana Caruso). Façam sessões virtuais tanto quanto
possível. Só não atrasem a CPI da Pandemia. Está passando da hora de apresentar
a conta.
Segunda
Dose
O
brasileiro é um caso muito sério mesmo. Um milhão e meio de nacionais não
voltaram aos postos de saúde para tomar a segunda dose da vacina contra a Covid
dentro do prazo estabelecido. Desinformação? Claro, mas não adianta querer
culpar apenas o governo por falta de campanha adequada. Evidentemente ele é
culpado, mas a
ignorância e a estupidez espalhadas pelos quatro cantos do
Brasil também são responsáveis. Foram elas, aliás, que elegeram Bolsonaro.
Coletivo
pode
Desde
que não se aglomerem, os cariocas estão liberados para se reunir coletivamente
nas praias e nos clubes do Rio. Pode rir, mas a prefeitura sugere que as
pessoas se
juntem sem se aglomerar. Como fazer isso? Só se for
separando a coletividade. Como disse o prefeito Eduardo Paes, depois de
constatar que fora reinfectado pelo vírus: “Essa história não é brincadeira”.
Coletivo
manda
Diante
do colapso do transporte público do Rio, não custa perguntar mais uma vez quem
manda nesta porcaria. São os prefeitos da capital e dos demais municípios da
Região Metropolitana? É o governador do estado? Ou seria a Fetranspor? Ao que
parece, quem dá
as ordens é mesmo a federação das empresas de coletivos,
como de hábito. E vamos em frente enchendo as latas de sardinha.
Grotesco
Jair
Bolsonaro é um covarde. Dizer que só sai do Palácio morto e pedir abertamente
ao povo para “dar uma sinalização” que lhe permita “tomar providências” é
repetir o brado por saques e confusão nas ruas contra as restrições que, na sua
cabeça vazia, não salvam vidas e geram fome. Ele não fala com o povo,
obviamente, mas sim com os
idiotas que se enrolam em bandeiras do Brasil para pedir o
fechamento do Supremo e do Congresso. Como já percebeu que dificilmente terá um
segundo mandato, e que talvez nem o primeiro chegue ao fim, o capitão
baderneiro sonha com uma ditadura, que nunca virá.
Vacina
e voto
Me
vacinei no sábado passado. Não demorou mais do que quatro minutos. Três minutos
para o registro no comprovante de vacinação e mais um para a aplicação da
primeira dose da AstraZeneca, que foi a que me coube. Foi no Jockey Club, mesmo
lugar em que voto a cada dois anos. Para votar, levo dois minutos. Fora Nova
Iguaçu, ocorre mais ou menos o mesmo em todo o país. É mais fácil e rápido
votar do que ser vacinado. Se não houver solução antecipada, logo à frente a
urna será o melhor caminho
para mudar o Brasil. Vapt-vupt, em oito horas o eleitor
transforma sua Nação. É pela urna que o povo manda suas sinalizações.
Araújo
no DEC
Quem
diria, duas semanas depois de ser demitido do Ministério das Relações
Exteriores, Ernesto Araújo ainda aguarda um posto para se agarrar enquanto
durar este governozinho. Por ora, ele perambula pelo DEC. Para quem não
conhece, trata-se do Departamento
de Escadas e Corredores do Itamaraty, apelido dado ao
limbo no qual são jogados desafetos do ministro de plantão. Araújo mandou para
o DEC alguns dos melhores e mais qualificados quadros do ministério, muitos por
razões ideológicas, alguns por ciúmes, outros por inveja intelectual.
Madoff
no Brasil
Idealizador
da maior fraude financeira da História, Bernard Madoff morreu esta semana na
prisão. O esquema que montou desviou mais de 65 bilhões de dólares, desmoronou
a economia global e custou alguns trilhões para governos e contribuintes de
todo o mundo. Ele foi condenado a 150 anos de prisão em 2009. Se fosse no
Brasil, com bons advogados
e juízes amigos, Bernie já estaria solto.
Pró
deficiente
Uma carreata do bem parte hoje, às 9h, do Leme ao Posto 6, pedindo que pessoas com deficiência sejam consideradas como grupo de risco e sua vacinação contra a Covid seja antecipada. Estudos comprovam que pessoas com deficiência são mais vulneráveis à Covid-19 e têm maior probabilidade de morrer quando infectadas. Várias entidades convocam a manifestação, entre elas o Juntos, o Movimento Inclusão e o grupo Operação do Bem.
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