(Talvez seja útil distinguir “praticamente”
entre a filosofia e o senso comum, para melhor indicar a passagem de um momento
para o outro. Na filosofia, destacam-se notadamente as características de elaboração
individual do pensamento; no senso comum, ao contrário, destacam-se as características
difusas e dispersas de um pensamento genérico de uma certa época em um certo
ambiente popular. Mas toda filosofia tende a se tornar senso comum de um
ambiente, ainda que restrito (de todos os intelectuais). Trata-se, portanto, de
elaborar uma filosofia que — tendo já uma difusão ou possibilidade de difusão, pois
ligada a vida pratica e implícita nela — se torne um senso comum renovado com a
coerência e o vigor das filosofias individuais.
E isto não pode ocorrer se não se sente, permanentemente, a exigência do contato cultural com os “simples”.)
*Antonio Gramsci (1891-1937), “Cadernos do
Cárcere”, 4ª Edição, v.1, p.100-1. Civilização Brasileira, 2006.
Nenhum comentário:
Postar um comentário