quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Míriam Leitão – Em busca do resgate da própria identidade

O Globo

Debate mostra como as prévias fazem bem ao PSDB

O PSDB começou nesta terça-feira uma caminhada à procura de si mesmo. Os tucanos nasceram como o partido da social democracia, foram acusados pelos petistas de serem “neoliberais” e, na última eleição, dois dos três pré-candidatos votaram na extrema direita. Seus parlamentares oscilam entre o governo Bolsonaro e a oposição. A chance dessa pré-campanha é que, nos debates, os tucanos saiam da sua longa crise de identidade.

O que uniu os três pré-candidatos foi o que eles tinham a exibir de conquistas fiscais. Fizeram reformas, melhoraram as contas em Manaus, no Rio Grande do Sul e em São Paulo. O governo gaúcho atrasava salário e hoje, com Eduardo Leite, paga em dia os servidores. São Paulo governado por João Doria, em época de crise econômica, ampliou arrecadação e investimentos. Economistas do PSDB fizeram a estabilização da economia. A Lei de Responsabilidade Fiscal tem o DNA tucano. Isso é um dos fundamentos do partido. Mas não o único.

Para serem mesmo social democratas precisarão ter um plano crível de ampliação das políticas públicas na área social. O Brasil estará em escombros em 2023, portanto será preciso aumentar gastos em educação, saúde, ciência, proteção ambiental e climática. Além disso precisarão de mais diversidade. Afinal, o partido é quase todo de homens brancos.

Não há um único argumento aceitável para o voto de um tucano em Jair Bolsonaro, porque o atual presidente é um inimigo da democracia. E sempre será. Por isso, Leite e Doria enfrentaram essa pergunta. Os que votaram em Bolsonaro precisam explicar essa traição aos valores democráticos do partido. Sempre serão cobrados. Ontem a cobrança veio de um emocionado Arthur Virgílio. “O país do futuro pode não ter futuro”, alertou. Se democratas forem condescentes com autocratas, não haverá mesmo esperança.

Ele reafirmou seu fundamento fiscal, fez a defesa de políticas sociais, e foi informado de que qualquer aproximação com Bolsonaro representará a perda completa da própria identidade.

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