O Globo
Debate
mostra como as prévias fazem bem ao PSDB
O
PSDB começou nesta terça-feira uma caminhada à procura de si mesmo. Os tucanos
nasceram como o partido da social democracia, foram acusados pelos petistas de
serem “neoliberais” e, na última eleição, dois dos três pré-candidatos votaram
na extrema direita. Seus parlamentares oscilam entre o governo Bolsonaro e a
oposição. A chance dessa pré-campanha é que, nos debates, os tucanos saiam da
sua longa crise de identidade.
O que uniu os três pré-candidatos foi o que eles tinham a exibir de conquistas fiscais. Fizeram reformas, melhoraram as contas em Manaus, no Rio Grande do Sul e em São Paulo. O governo gaúcho atrasava salário e hoje, com Eduardo Leite, paga em dia os servidores. São Paulo governado por João Doria, em época de crise econômica, ampliou arrecadação e investimentos. Economistas do PSDB fizeram a estabilização da economia. A Lei de Responsabilidade Fiscal tem o DNA tucano. Isso é um dos fundamentos do partido. Mas não o único.
Para
serem mesmo social democratas precisarão ter um plano crível de ampliação das
políticas públicas na área social. O Brasil estará em escombros em 2023,
portanto será preciso aumentar gastos em educação, saúde, ciência, proteção
ambiental e climática. Além disso precisarão de mais diversidade. Afinal, o
partido é quase todo de homens brancos.
Não
há um único argumento aceitável para o voto de um tucano em Jair Bolsonaro,
porque o atual presidente é um inimigo da democracia. E sempre será. Por isso,
Leite e Doria enfrentaram essa pergunta. Os que votaram em Bolsonaro precisam
explicar essa traição aos valores democráticos do partido. Sempre serão
cobrados. Ontem a cobrança veio de um emocionado Arthur Virgílio. “O país do
futuro pode não ter futuro”, alertou. Se democratas forem condescentes com
autocratas, não haverá mesmo esperança.
Ele
reafirmou seu fundamento fiscal, fez a defesa de políticas sociais, e foi
informado de que qualquer aproximação com Bolsonaro representará a perda
completa da própria identidade.
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