O Estado de S. Paulo
PL leal, PSDB unido, Lula inocentado, Moro não é “Bolsonaro de 2022”. Será?
A um ano das eleições, com os pré-candidatos
em busca de um lugar ao sol, há uma profusão de blefes por todos os lados. É
hora de ouvir, mas não de acreditar no que eles dizem e no que os partidos
anunciam como líquido e certo.
O presidente Jair Bolsonaro anuncia que o
PL vai fazer alianças com partidos de esquerda, o ex-presidente Lula diz que a
Lava Jato nunca existiu e que ele foi inocentado, Sérgio Moro nega que seja “o
Bolsonaro de 2022”, Ciro Gomes jura que vai até o fim.
No segundo pelotão, João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio fizeram juras de amor eterno. Rodrigo Pacheco e Simone Tebet se apresentam como candidatos para valer. E Luiz Henrique Mandetta avisa que não desistiu. Será?
Segundo Bolsonaro, tudo bem o PL se aliar a
processados, condenados e presos, mas com a esquerda não pode. E se lá pelas
tantas Bolsonaro perder fôlego e sua ida ao segundo turno estiver ameaçada, os
candidatos do PL vão morrer na praia com ele?
Em 2018, o Centrão fechou com o tucano
Geraldo Alckmin, mas Ciro Nogueira, do PP, se bandeou para o PT no Piauí e para
Lula na eleição presidencial. Depois, abocanhou “a alma” do governo Bolsonaro.
Quanto a Lula: o petrolão foi uma invenção
de Moro e dos procuradores de Curitiba? E os bilhões de reais devolvidos pelos
acusados? Mais: os processos voltaram à estaca zero por tecnicidade jurídica,
Lula não foi “inocentado”.
Na outra ponta, Moro vai ter de explicar
excessos e as conversas com procuradores divulgadas pelo Intercept Brasil e vai
ter de ter trabalho para negar que seja o “Bolsonaro de 2022”. A corrupção já
seria sua bandeira natural, o liberalismo ele agregou com Affonso Celso Pastore
e recolhe os náufragos do bolsonarismo, como os militares e ex-ministros do
governo.
Ciro tem recall e o melhor marqueteiro,
João Santana, mas não cola, ou decola. O que, aliás, preocupa todo o centro,
pois ele ajuda a segurar a onda da esquerda para Lula. Simone, trunfo do MDB
para ficar no muro, traz uma voz feminina para o debate e é opção de vice.
Pacheco ganha visibilidade, o PSD ganha tempo.
E o PSDB entra em campo com Doria e com
dois desafios: evitar o estouro da tucanada e liderar o centro após o vexame
das prévias e a guerra entre ele e Leite.
A eleição tem Lula, Bolsonaro e todos os
demais, que negociam uma opção para o País que nem faça loas a Pinochet e
Stroessner nem defenda Maduro e Noriega. Para Bruno Araújo, presidente do PSDB,
Moro é um “catalisador do centro e vai jogar junto”. Junto com quem? Com todos
da terceira via. Isso não é blefe. Fácil não é. Impossível também não.
Nenhum comentário:
Postar um comentário