Folha de S. Paulo
Preço das passagens pode se tornar um
problema político anabolizado nos próximos meses
As tarifas de ônibus podem se tornar um
problema político anabolizado nos próximos meses. Prefeitos dizem que será
preciso fazer um aumento
significativo no preço das passagens se não for possível encontrar uma
fonte para subsidiar o transporte público. Nas palavras de um deles, a questão
se tornou "uma bomba prestes a explodir".
Municípios estimam que o reajuste de
tarifas necessário para cobrir o aumento de custos dos sistemas de ônibus é de
10% –o que representa bem mais do que os
R$ 0,20 que azedaram humores e levaram aos protestos de junho de 2013.
O aumento só não sai se o governo federal liberar um pacote bilionário para amortecer a alta no preço do diesel e outros gastos. Autoridades locais trabalham com o reajuste como plano A porque ainda não viram boa vontade de Jair Bolsonaro para abrir o cofre. De olho na reeleição, o presidente já comprometeu o Orçamento com outras despesas.
Um tarifaço às vésperas da campanha
eleitoral tem potencial explosivo. O possível reajuste no preço das passagens
acertaria em cheio uma população que já precisa conviver com índices
de inflação nas alturas. O maior impacto se daria sobre brasileiros de
renda média e baixa, apertados pelo desemprego e pela incerteza nas políticas
sociais do governo.
Um caldeirão de insatisfações como esse
pode derreter a popularidade de governantes. A aprovação a Dilma Rousseff caiu
de 57% para 30% em junho de 2013, numa onda que também arrastou para baixo
os índices de prefeitos e governadores. Um novo aumento nas tarifas até pode
ter um efeito mais suave, mas certamente não será um bom momento para quem está
no poder.
Prefeitos dizem que os sistemas de
transportes podem estourar ainda este ano. Eles abriram
uma ofensiva sobre o Planalto para resolver o problema e lembraram
que, em 2020, Bolsonaro já vetou uma ajuda de R$ 4 bilhões para o setor. De
todos os personagens desse cabo de guerra, o presidente é o único que precisa
enfrentar uma eleição em 2022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário