Folha de S. Paulo
Nenhum sentimento parece mover o eleitor
com tanta intensidade agora quanto o repúdio ao presidente
O antibolsonarismo se firmou como a
principal marca desta pré-campanha ao Planalto. Nenhum sentimento político
parece mover os eleitores com tanta intensidade, até aqui, quanto a rejeição a
Jair Bolsonaro.
Quando um presidente disputa a reeleição, a
pergunta que inicia o processo de definição do voto é: ele merece continuar no
cargo? Nas contas
apresentadas pelo Datafolha, há um sonoro "não" na cabeça
do eleitor.
Seis em cada dez entrevistados dizem não votar em Bolsonaro de jeito nenhum. No primeiro turno, ele tem só 22% das intenções de voto. No segundo, alcança no máximo 34%.
A rejeição a Bolsonaro é tanta que boa
parte dos eleitores de Sergio Moro e João Doria se recusa a apoiá-lo no segundo
turno, mesmo se Lula estiver do outro lado. Entre os simpatizantes do ex-juiz,
dois terços preferem votar em branco ou no petista. Do lado tucano, 55% vão com
o ex-presidente, e 20% anulam o voto.
Bolsonaro ainda tem tempo, propaganda e
dinheiro para tentar amenizar esse repúdio, mas o fato é que uma parcela
considerável da população já está preocupada em decidir quem deve substituí-lo
em 2023.
Mantido nessa linha, o cenário levanta uma
segunda pergunta que deve formatar o voto do eleitor: Lula merece voltar à
Presidência? O petista tem protagonismo nesse processo de escolha porque é o
mais conhecido dos adversários de Bolsonaro, tem um portfólio de dois governos
debaixo do braço e desperta resistência em parte do eleitorado.
A preocupação inicial com a remoção de
Bolsonaro ajuda a manter o antipetismo em níveis moderados nesta largada da
corrida (a rejeição a Lula está em 34%, segundo o Datafolha), mas pode subir
caso o eleitor e os demais candidatos considerem o atual presidente derrotado e
voltem suas atenções para o petista.
Lula trabalha para se antecipar a esse
momento. O esforço precoce do PT para fechar uma chapa com Geraldo
Alckmin como vice é uma tentativa de amenizar as resistências
que devem surgir nessa segunda etapa da campanha.
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