sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Vinicius Torres Freire: Destruição dos últimos dias de 2021

Folha de S. Paulo

Mesmo vadiando mais, governo estraga vacinação, Orçamento e apanha de hackers

A véspera de Natal e as antevésperas de outras festas seriam dias para falar de outro assunto ou de meditação. Mas somos perseguidos pelos demônios, muitos soltos ou definitivamente desavergonhados desde 2018. Desculpem os maus modos neste dia, em que as notícias de ruína continuam.

Jair Bolsonaro tem passado os dias fazendo aquilo de que mais gosta: nada e vociferando atrocidades, com seu esgar demoníaco e seu riso rábido. Apesar da laborfobia desavergonhada, é muito eficiente na destruição. Considerem as realizações de fim de ano.

Greve do funcionalismo.

elite da burocracia federal ameaça greve por aumento de salários e por causa do governo atroz. Não, não é momento de reajustar salários, ainda menos na elite do funcionalismo, pois o país anda arruinado e os salários médios nos empregos e trabalhos privados caem. Mas o pior vereador da história do Brasil, Bolsonaro, arrumou um reajuste para policiais federais, uma de suas "bases" eleitorais. Esse favor para amigos detonou a ira dos demais servidores.

Centenas de funcionários da Receita entregam cargos de chefia. Na Educação, muitos entregavam cargos por causa do programa de destruição do governo. No Ambiente, servidores decentes foram calados ou ignorados. Etc. A destruição toma corpo.

Herodes contra a vacina.

Jair Herodes Bolsonaro, seu capacho na Saúde e as falanges do bolsonarismo fazem o que podem para atrasar, desmoralizar e desacreditar a vacinação dos 20,5 milhões de crianças de 5 a 11 anos. Essa indecência ameaça não apenas as vidas e a saúde de meninas e meninos, mas de todos os seus cuidadores, mães, pais, avós, professores etc. Não há urgência, diz o tipo da Saúde. Enquanto isso, há notícias de repiques de Covid pelo país.

Derrota na guerra digital

O bolsonarismo se ocupa de fazer guerra contra a razão, a decência e a humanidade por meio de redes sociais e outros instrumentos de conflito digital. Mas, como covardões incompetentes, fogem da raia ou se fingem de desentendidos quando se trata de coisa séria ou de quem tem força para subjugá-los. São incapazes de conter a onda de ataques de hackers contra sites do governo, como na Saúde e nos Correios, para citar os mais recentes.

Em agosto, militares fizeram aquele desfile constrangedor de calhambeques fumacentos em Brasília. Foram saudar a campanha golpista de Bolsonaro, então no "crescendo" da propaganda contra eleições livres. A segurança nacional vai muito bem, como se vê. Temos calhambeques, um Bolsonaro a criar atritos com nações amigas, generais golpistas e uma gente incapaz de lidar com bandos de criminosos que paralisam a administração federal. Hackers são capazes de colocar o Estado de joelhos.

Faz quase três semanas, o sistema de informações de saúde está fora do ar ou prejudicado pelos terroristas digitais.

Qual vai ser o próximo golpe? Os bandidos vão conseguir arrebentar, por exemplo, o sistema de finanças do governo? A negociação de títulos da dívida pública? O tráfego aéreo?

Orçamento secreto, podridão exposta.

O Congresso do centrão, dominado pelos regentes do desgoverno Bolsonaro, acaba de avacalhar ainda mais o Orçamento federal, já engordado por calotes (precatórios) e pela revisão picareta do teto de gastos. Picotaram ainda mais os escassos dinheiros para investimento em obras de paróquia. Esqueceram de provisões importantes. Etc. Tecnicamente ignorante, politicamente refém do centrão, o governo de Bolsonaro é incapaz de dar diretrizes para uma de suas tarefas fundamentais, a elaboração do Orçamento.

Que na véspera do Natal e das festas de 2022 a gente possa escrever votos de esperança. Em 2021, vamos tentar apenas esquecer da destruição por uns dias.

 

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