Não é pouca coisa que estará em jogo em 2022. A aceleração dos movimentos se dá mais na órbita dos partidos e da imprensa. Não é ainda assunto que esteja no radar da maioria da população. Sérgio Moro se filiou ao PODEMOS, Bolsonaro ao PL, Dória venceu as prévias do PSDB e será o candidato tucano, o MDB lançou a Senadora Simone Tebet e o PSD investe em Rodrigo Pacheco. Mas a última pesquisa GENIAL Investimentos/QUAEST revelou que, neste momento, apenas 41% da população tem muito ou algum interesse em política.
Lula aparece bem na pesquisa consolidado em
primeiro lugar, variando de 46% a 48% suas intenções de votos nos diversos
cenários testados para o primeiro turno e vencendo todos os cenários de segundo
turno. Tem diminuído sua rejeição: hoje, 43% dizem o conhecer e que não
votariam nele de forma alguma. Mas o jogo ainda não começou. Na campanha, terá
que enfrentar a discussão sobre os escândalos de corrupção nos governos
petistas e a herança econômica trágica deixada. E também cobranças sobre o
compromisso com a democracia, tema que é palco de sucessivos escorregões quando
insinua o controle sobre a imprensa ou defende ditaduras de esquerda como as da
Nicarágua, de Cuba e da Venezuela.
Já Bolsonaro teve queda na avaliação
negativa de seu governo que passou de 56% para 50%. Mas, sua rejeição continua
altíssima, 64% dos brasileiros não votariam de forma alguma no atual
presidente. As intenções de voto oscilam entre 21% e 24%. Certamente, o
presidente conta com os impactos do fim da pandemia, do Auxílio Brasil, do Vale
Gás, do Vale-Alimentação. No entanto, as notícias nas áreas econômica e social
não são nada boas.
Moro aparece em terceiro, com 11%,
recuperando o percentual do lavajatismo que “roubou” de Bolsonaro. Mas tem
rejeição surpreendente, 61% dizem que não votariam de nenhuma forma no
ex-magistrado. Não tendo nenhuma experiência política e administrativa terá que
demonstrar que pode ir além do “samba de uma nota só” do combate a corrupção.
Ciro continua patinando entre 5 a 8%, evidenciando dificuldade de expansão frente
a candidatura Lula.
A pesquisa revela que há um expressivo
contingente de eleitores (24%) que gostariam de votar em alguém alternativo a
Lula e Bolsonaro. Dória tem um excelente governo a mostrar e a marca da luta
pela vacina. Rodrigo Pacheco tem seu perfil conciliador e sereno a explorar.
Simone Tebet se destacou na CPI da COVID-19. O jogo está aberto. Nada é
definitivo. As tendencias do eleitorado só serão mais sólidas a partir de julho
de 2022. Até lá, os candidatos terão que contar com os vetores apontados por
Maquiavel para o sucesso na política: virtude e sorte.
*Presidente do Conselho Curador ITV –
Instituto Teotônio Vilela (PSDB)
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