Folha de S. Paulo
Composição como essa envolve concessões e
vantagens para os envolvidos, algo complexo até para os políticos mais
habilidosos
O Brasil vive o pior momento de sua
história recente com um genocida/miliciano entrincheirado no Planalto. Tirá-lo
de lá vai exigir os melhores esforços das forças democráticas. Por isso, não
deixa de ser notável a disposição para o diálogo entre adversários, como Lula e
Alckmin.
Pelo que vazou até agora, as conversas
envolvem a possibilidade
de Alckmin ser o vice de Lula, aliança que dependeria do ingresso do
ainda tucano no PSB,
além de acordos regionais entre socialistas e petistas, aliados naturais. Uma
composição como essa envolve o compromisso e o equilíbrio de concessões e
vantagens para todos os envolvidos, algo bastante complexo mesmo para os
políticos mais habilidosos.
Eleitor não vota em vice, mas o vice tem importância estratégica. O golpe de 2016 está aí para provar. Há exemplos de outra natureza. A dupla FHC-Marco Maciel selou a aliança preferencial dos tucanos com a direita. O empresário José Alencar serviu para quebrar resistências contra um suposto radicalismo de Lula.
Que capital político Alckmin traria para
Lula, já tão bem posicionado na largada? Se trouxesse seu partido, ou, pelo
menos, lideranças do PSDB original, como FHC e Tasso Jereissati, poderia se
falar em frente ampla. Mas Alckmin está de saída por falta de espaço numa
legenda que se tornou linha auxiliar do bolsonarismo no Congresso.
Uma convivência que não é de todo estranha.
Quando governador de SP, Alckmin teve como secretário particular e de Meio
Ambiente ninguém menos do que Ricardo
Salles, que viria a ser ministro de Bolsonaro e que deixou o cargo
com alentada ficha criminal. Alckmin cabe numa frente democrática contra
Bolsonaro? Sem dúvida. Mas precisa ser o vice?
Por que não Flávio Dino,
que derrotou o clã Sarney no Maranhão, duas vezes? Convenhamos, uma façanha. Ou
Celso Amorim, diplomata de carreira irretocável, num momento em que o Brasil
terá que refazer pontes em cenário externo desafiador? São só dois exemplos. Há
outros bons nomes por aí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário