Boris Johnson pode cair por uma festa na pandemia, Bolsonaro é ‘mito’ por viver de festa em festa
Esses
ingleses são mesmo esquisitos. Bastou uma “festinha” de 40 pessoas nos jardins
de Downing Street (sede do governo), no pico da pandemia e do lockdown, cada um
levando seu próprio vinho, para os britânicos, a oposição e até parlamentares
do partido se mobilizarem para pedir o afastamento do primeiro-ministro Boris
Johnson.
Ok, é grave, mas isolado. E um certo presidente, além-mar, que na pandemia não toma vacina, faz churrasco na residência oficial, é filmado em uma aglomeração atrás da outra, diverte-se em atos golpistas, abraça idosos sem máscara antes das vacinas, arranca máscara de criança na rua e proíbe em palácio, descumpre as leis do DF e é processado por governos estaduais por suas motociatas?
Entre
Reino Unido e Brasil há diferenças do regime, parlamentarismo e
presidencialismo, e um fosso cultural e político. Apesar de um tanto démodé,
com reis, rainhas, coroas..., a monarquia britânica é sólida, o parlamentarismo
confere estabilidade e o regime prevê a troca do primeiro-ministro, sem crise,
quando ele é incompetente ou perde a maioria.
Já
no presidencialismo brasileiro o poder de abrir ou não um processo de
impeachment contra o presidente da República está nas mãos de um único
personagem, o presidente da Câmara. Se esse personagem é aliado e “esperto”, dá
prioridade a seus próprios interesses e aos do seu grupo político. O habitante
do Planalto pode fazer festinhas, aglomerações e absurdos à vontade.
E
os cidadãos britânicos brindam Boris Johnson com adjetivos como “patético”,
“hipócrita” e “mentiroso”, pela festa, as desculpas esfarrapadas e o contraste:
o “povo” em lockdown e o primeiro-ministro se esbaldando com amigos. E no
Brasil? O País chorando seus primeiros 10 mil mortos pela covid e o presidente
de jet ski no Lago Paranoá; a Bahia afundando em dor e lama e o presidente de
jet ski nas águas afrodisíacas de Santa Catarina.
E
daí? Lá, os britânicos cobram responsabilidade do primeiro-ministro. Cá,
milhões de brasileiros tratam como “mito” um presidente que ataca a democracia,
máscaras, isolamento, vacinas e faz propaganda de cloroquina para covid! É para
rir ou para chorar?
O relatório da Human Rights Watch replica as conclusões da CPI da Covid e cobra os ataques à democracia no Brasil, mas é só para inglês ver e eleitor refletir. As consequências jurídicas para Jair Bolsonaro são nulas. Aqui, a “festinha” de Boris Johnson na pandemia é fichinha. O Brasil é uma festa!
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