Bolsonaro
não se preocupa com os votos que está perdendo. Se lhe faltar urna, conta com
as armas
Bahia,
Minas Gerais e Goiás estão
debaixo d’água. Para milhões de pessoas, a vida agora se resume ao que
sobrou da lama, dos escombros de suas casas e dos cacos de seus sonhos. Nenhuma
delas recebeu de Jair Bolsonaro uma palavra de solidariedade e conforto, muito
menos promessa de ajuda. Suas tragédias não dizem respeito ao homem em quem
muitas devem ter votado. Importante é o jet ski, as provocações e o voo em
primeira classe para seus ministros.
A tragédia desses estados não se limitará às enormes perdas individuais, mas envolverá a saúde, a agricultura, a produção industrial, os serviços e a economia em geral, deles e de seus vizinhos. Bahia, Minas Gerais e Goiás são rotas de passagem e, por suas estradas, destruídas ou interditadas, milhares de caminhões deixarão de rodar pelos próximos meses. Esperam-se desemprego, revoltas de caminhoneiros e desabastecimento. Mas nada disso compete a Bolsonaro. Para ele, o problema é dos governadores e prefeitos —muitos dos quais igualmente trabalharam por sua eleição em 2018.
O
país voltou à casa dos milhares de contaminados
diariamente pela Covid e, não importa quantos já tenham morrido,
Bolsonaro acha pouco. Quanto a isso, ele pode ficar tranquilo —estamos na
iminência de uma avalanche de casos, superlotação dos hospitais, falta de
insumo para testes, profissionais da saúde desesperados pelas condições de
trabalho e alto risco para as crianças, a quem ele sonega vacina, e para os
pascácios que ele estimula a não se vacinarem.
Para
Bolsonaro, não foi para cuidar disso que o elegeram. Elegeram-no para ele se
reeleger. Desde que tomou posse, não passou um dia sem ter a reeleição como
prioridade. Por reeleição entenda-se continuar na cadeira por quaisquer meios.
As desgraças acima lhe roubam votos em massa, mas Bolsonaro não se altera. Está confiante de que, se lhe faltar urna, as vacas fardadas que ele engorda e ordenha irão garanti-lo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário