EDITORIAIS
Senado acerta ao tomar iniciativa de
regular criptoativos
O Globo
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado
fez bem ao aprovar na semana passada um projeto de lei sobre transações com
criptomoedas. O projeto tem dois pontos- chave: 1) estabelece que as
prestadoras de serviços de criptoativos só poderão operar no país após receber
autorização do Banco Central (BC) ou de outro órgão indicado pelo Executivo; 2)
altera o Código Penal para tipificar fraudes com serviços de ativos digitais. A
expectativa é que os investidores se sintam mais protegidos e que aqueles até
agora reticentes possam começar a aplicar nesses ativos com segurança.
O universo das criptomoedas nasceu
descentralizado e avesso à regulamentação. Alimentado por um sonho libertário,
atraiu um sem-número de golpistas e o crime organizado, interessado em novas
formas de lavar o dinheiro obtido como produto de atividades ilegais.
Muitos investidores, inebriados pela promessa dos altos retornos, se tornam presas fáceis dos faraós de pirâmides financeiras sem a menor sustentação. Como os brasileiros podem testemunhar por experiência própria, os golpes podem ser virtuais, mas os prejuízos logo assumem a forma de reais no saldo bancário.
O projeto de lei do Senado é uma tentativa
de ancorar parte desse mercado na realidade. Entre as novidades, prevê que as
corretoras de criptoativos tenham de reportar operações suspeitas ao Conselho
de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), como já fazem as demais
instituições financeiras.
Há também uma iniciativa voltada a combater
o aquecimento global. Criptomoedas são criadas a partir de uma atividade
intensa de computadores, conhecida como mineração. Os programas testam inúmeras
soluções para problemas matemáticos e, quando acertam, a mineração rende
criptomoedas, registradas numa enorme estrutura de dados pública chamada
blockchain. Tudo isso envolve o uso de máquinas que consomem quantidades
colossais de energia. Por isso o texto do Senado propõe incentivo às empresas
que usarem energia 100% renovável e neutralizarem 100% das emissões de gases
causadores do efeito estufa.
Parte dos críticos ao projeto do Senado
argumenta que ele dá muito poder às autoridades reguladoras e que isso será um
freio a inovações. A ponderação é válida, mas o temor não se sustenta após a
análise atenta do passado recente. Tanto o BC quanto a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) têm um histórico positivo na aprovação de novas tecnologias e
produtos. Seguindo uma tendência internacional, o próprio BC estuda o
lançamento para logo de uma versão digital do real.
Outra crítica é que golpistas e outros
criminosos interessados em lavagem de dinheiro continuarão tendo acesso a
corretoras no exterior para negociar seus criptoativos. A internet acabou com
as fronteiras para esse e vários outros tipos de delitos. Coibi-los é um
desafio que depende de condições estabelecidas em escala global. Os países já
contam com instrumentos para detectar grandes movimentações para o exterior.
Uma maior cooperação internacional certamente ajudaria. Mas a ausência dela não
justifica a omissão. Regulamentar o mercado de criptoativos na esfera nacional
é parte da solução, não do problema.
No país do vale-tudo, tragédias se tornam
terreno fértil para fraudes
O Globo
Enquanto bombeiros reviravam os escombros
em busca de vítimas do temporal que arrasou a cidade de Petrópolis, na Região
Serrana do Rio, PMs prendiam, há uma semana, um homem acusado de desviar
doações às famílias que perderam tudo na tragédia. O vigarista, que se fazia
passar por policial civil, usava uma picape com sirene e um brasão falso da
Cidade Imperial. Na caçamba do veículo, foram encontrados fardos de água
mineral desviados de um centro de doações.
Dias antes, policiais da Delegacia de
Repressão a Crimes de Informática (DRCI) apreenderam, na Baixada Fluminense, um
menor acusado de criar um perfil falso numa rede social para arrecadar doações
destinadas às vítimas das chuvas em Petrópolis, que deixaram mais de 200
mortos, cerca de 30 desaparecidos e quase mil famílias desabrigadas. O
adolescente usava uma conta da própria mãe para desviar os recursos. A polícia
investiga outros casos semelhantes de fraudes.
Por mais chocantes e abomináveis que sejam
esses casos, eles são mais frequentes do que se imagina. Costumam proliferar
justamente onde há luto, dor e urgência nas decisões. A história recente está
cheia de exemplos repugnantes. Nas terríveis enchentes de 2008 em Santa
Catarina, que deixaram 90 mortos, oito pessoas, entre elas servidores públicos
e um empresário, foram acusadas de desviar donativos.
Na tragédia da Serra do Rio, em 2011, maior
desastre natural registrado no Brasil, com quase mil mortos, a destruição e a
urgência das obras de reconstrução foram pretexto para as propinas cobradas das
empreiteiras dispararem, como revelou O GLOBO. Vários prefeitos foram afastados
de seus cargos no curso das investigações.
Na mais recente hecatombe que se abateu
sobre o país, a pandemia do novo coronavírus, inúmeros gestores não tiveram o
menor constrangimento em roubar recursos públicos que deveriam ser usados na
compra de respiradores, enquanto pacientes com a forma grave da Covid-19
morriam aos montes. Investigações revelaram um festival de aberrações, como
insumos médicos comprados em loja de vinhos.
No país onde se acha que o ilegal não é tão
ilegal, delitos se banalizam. Quando atestado médico dava acesso à vacina
escassa, em cidades como São Paulo e Rio camelôs ofereciam todo tipo de
comorbidade a quem pudesse pagar. Precisa de comprovante de vacinação? Também
estavam à venda no camelódromo da Uruguaiana, no Rio, como mostrou reportagem
da TV Globo.
Evidentemente, punir os responsáveis por
esses crimes é dever da polícia e da Justiça. Deve-se reconhecer que não são
poucas as investigações abertas para coibir esses delitos, em especial os
relacionados à pandemia, que envolveu grandes volumes de recursos em compras
emergenciais, sem licitação. Mas não se deve imaginar que é apenas nas
delegacias e nos fóruns que se resolverá esse problema que degrada a sociedade
brasileira. A solução mesmo está nas escolas, com as crianças. É preciso
ensinar-lhes um outro modelo de país, que rejeite esse vergonhoso vale-tudo.
Água e energia
Folha de S. Paulo
Temor de racionamento está afastado, mas
custos da crise permanecerão por anos
Os reservatórios das hidrelétricas não
continham tanta água desde os anos em que o país passou a enfrentar secas
graves recorrentes, em 2013-14. Na semana passada, as represas do Sudeste e do
Centro-Oeste estavam com 56,4% de sua capacidade de armazenamento, ante 29,6%
em fevereiro de 2021.
Assim, são remotos, no momento, o risco de
crise e medidas drásticas de poupança de água, como se temia no ano passado.
Graças às chuvas, ao uso de energia
caríssima de termelétricas e à importação de eletricidade, o Brasil conseguiu
evitar, por pouco, o racionamento. Os custos desse programa de emergência, no
entanto, permanecerão, assim como alguns dos problemas que estão na raiz da
escassez enfrentada.
Neste 2022, até meados de fevereiro, o
preço médio da energia diminuiu em relação ao final do ano passado. Em abril, é
possível que deixe de vigorar a tarifa extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh de
consumo. Mas a alta acumulada do preço em 12 meses é de espantosos 28%.
Tal escalada não foi suficiente para
compensar a alta do custo para as distribuidoras. A conta será repassada aos
consumidores, com juros, por tempo considerável ainda.
A expansão da capacidade de gerar energia
deve ser expressiva neste ano, o equivalente a duas hidrelétricas de Jirau. A
maior parte da eletricidade nova será de origem solar ou eólica, porém cerca de
65% das fontes disponíveis ainda eram hidráulicas em 2020 —dado mais recente,
segundo a Empresa de Pesquisa Energética. É preciso, portanto, cuidar da água.
Apenas recentemente se deixou de
considerá-la um recurso infinito no Brasil. Além de desperdícios, desvios, usos
ilegais, cobrança precária ou inexistente e poluição, há problemas como o
desmatamento, da Amazônia em particular.
O sistema elétrico é mal gerido, com
distorções que incluem o excesso de impostos sobre o setor, os quais custeiam
subsídios —alguns deles indevidos, como favores empresariais, e outros sociais.
Ademais, a má determinação de preços é uma
ineficiência que afeta também o uso da energia e as decisões de expansão da
capacidade.
Pouco se fala em mudança ampla do uso da
água e da proteção desse recurso. O que se vê, na área ambiental, é o descaso
escandaloso do governo Jair Bolsonaro (PL).
Uma outra seca pode colocar o país em
situação crítica já em 2023, e o risco será ainda maior se, contra todas as
expectativas, o país retomar crescimento econômico vigoroso. Reformas na gestão
da eletricidade e da água levam tempo; por isso é preciso começar já.
Aposta duvidosa
Folha de S. Paulo
Jogo deve ser debatido, mas projeto da
Câmara tem lacunas em taxação e regulação
Esta Folha defende que se
ampliem as possibilidades legais para os jogos de azar no Brasil, em respeito
às liberdades individuais e também como meio pragmático de lidar com imposições
da realidade.
Tal entendimento, firmado
há pouco mais de dois anos, não significa endosso a toda e qualquer
proposta nesse sentido —como o projeto
de lei recém-aprovado pela Câmara dos Deputados.
Não se podem subestimar os danos a que
estão sujeitos os praticantes do jogo, que vão muito além do prejuízo
financeiro por desinformação. Há fartura de estudos a apontar o risco elevado
de surgimento de comportamentos compulsivos, que frequentemente se associam a
outros transtornos, como alcoolismo e depressão.
Ademais, é notório que a exploração de
cassinos e outros estabelecimentos de apostas propicia oportunidades de lavagem
de dinheiro para criminosos, bem como a associação lucrativa com o tráfico de
drogas e até de pessoas.
Entretanto a proibição pura e simples da
prática, como a que vigora no país desde os anos 1940, não se mostra boa
solução. Trata-se de interferência indesejável e pouco producente do Estado
sobre o livre-arbítrio dos cidadãos —e muitos deles acabam por recorrer às
opções clandestinas.
Isso sem falar que a internet oferece hoje
a chance de apostar por meio de sites de todo o mundo.
Tudo considerado, a melhor alternativa é a
legalização da atividade sob regulação rigorosa, que estabeleça limites e
obrigações, como a de ofertar todo o esclarecimento necessário aos
participantes, além de impor tributação substancial.
O projeto aprovado pela Câmara —que data de
1991— avança em algumas dessas questões, mas não deixa de suscitar apreensão.
A despeito da longa tramitação, o debate
foi precário: o impulso veio do lobby de governos locais e setores
interessados, enquanto o governo Jair Bolsonaro (PL) permaneceu alinhado à
posição contrária da bancada evangélica.
O aspecto problemático mais visível do
texto é a taxação prevista: cria-se apenas uma Cide, com alíquota de não mais
de 17%, a incidir sobre a exploração dos jogos, o que parece permissividade
excessiva.
Autoriza-se ainda a criação de um órgão
regulador federal, ao qual caberia autorizar e supervisionar os
empreendimentos. Pouco se detalha, no entanto, a respeito da estrutura e das
garantias de autonomia dessa instituição.
Mais uma vez, caberá ao Senado um
escrutínio aprofundado da proposta, sem o açodamento que marca a atual gestão
da Câmara.
Por mais mulheres na vida pública
O Estado de S. Paulo
Participação feminina na política repete
desigualdades da sociedade.
Completaram-se na semana passada 90 anos da
aprovação do voto feminino no País, um direito fundamental para que as mulheres
pudessem exercer com plenitude seu papel como cidadãs. Se hoje o voto, malgrado
formalmente obrigatório, na prática tenha se tornado facultativo, dada a
facilidade para justificar a ausência, a emancipação não se daria sem o
movimento sufragista nacional, liderado por Bertha Lutz e Celina Guimarães,
entre tantas outras. O decreto que instituiu o voto feminino não foi mera
concessão de Getúlio Vargas. Chegou-se a cogitar de garantir a prerrogativa
apenas a solteiras e viúvas que exercessem “trabalho honesto”; para as casadas,
e somente com autorização do marido. O voto foi um passo na direção da busca por
mais igualdade que, no Brasil, vinha de antes, mas não havia sido acolhido pela
primeira Constituição republicana (1890).
O ato de votar pressupõe o direito de
também ser votada. Nesse sentido, a foto reproduzida em edição do Estadão do
dia 23 de fevereiro diz mais que qualquer palavra sobre a representatividade
feminina na sociedade brasileira. Primeira deputada eleita no País, Carlota
Pereira de Queirós figura, solitária, como única mulher entre os parlamentares
na Assembleia Constituinte em 1934. No Senado, a posse da primeira senadora se
deu apenas em 1979, quando a professora Eunice Michiles assumiu o mandato pelo
Amazonas. “Eu sentia muito carinho, mas pela ‘dama’ e não pela ‘colega de
trabalho’. Eu sentia claramente isso”, disse ela, recebida pelos colegas com
“flores e poesia”.
O cenário político evoluiu, mas não é tão
diferente. A Câmara tem hoje 77 deputadas entre 513 parlamentares. No Senado,
elas são 13 dentre 81. No Executivo, a participação é ainda menor. O País só
teve uma presidente, Dilma Rousseff. Na campanha presidencial deste ano, há
apenas uma candidata, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), a quem muitos insistem
em, prematuramente, relegar o papel de vice. Se as estatísticas provam que a
violência de gênero é incontestável, ela se reproduz, também, no Legislativo,
que reflete com perfeição esse e outros aspectos da sociedade brasileira. Há
pouco mais de um ano, parlamentares foram chamadas de “deputéricas” por um
colega da base do governo durante a discussão de uma medida provisória. Não houve
qualquer punição por parte do Conselho de Ética da Câmara.
Um estudo conduzido pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e pela ONU Mulheres divulgado em
2020 colocava o Brasil em 9.º lugar entre os 11 países da América Latina no que
diz respeito aos direitos políticos e à paridade política entre homens e
mulheres. O exercício do direito ao sufrágio é a dimensão em que o País melhor
pontuou no levantamento, mas os dados mostraram haver um longo caminho a ser
percorrido no combate à violência de gênero, na garantia de competitividade das
candidaturas femininas, em vez do uso de mulheres como “laranjas”, bem como na
presença nos Três Poderes.
Uma das recomendações do estudo é garantir
espaço às mulheres dentro das legendas partidárias e nas posições de liderança
que não apenas da bancada feminina. A falta de representatividade tem custo
alto, principalmente para a parcela mais vulnerável da população. O exemplo
mais recente é o veto do presidente Jair Bolsonaro à distribuição de absorventes
para a população de baixa renda. Um programa de baixo custo, que visa a
fornecer oito absorventes por mês a 5,6 milhões de pessoas, a maioria
adolescentes pobres e presidiárias, foi rejeitado com a desculpa de não indicar
fonte de custeio – embora indicasse. O gasto anual do projeto, estimado em R$
84,5 milhões, equivale a 1,7% do valor reservado para financiar campanhas com o
fundo eleitoral deste ano. Enquanto o veto ao fundão foi derrubado, o da
pobreza menstrual, até agora, está mantido. Para rejeitar um veto presidencial,
basta maioria simples na Câmara e no Senado – ou seja, metade mais um nas duas
Casas. Coincidência ou não, é praticamente a composição populacional das
mulheres na sociedade brasileira, de 51,8%, segundo a Pnad Contínua do IBGE de 2019.
Política como negócio familiar
O Estado de S. Paulo
Força do clã Tatto na capital paulista
mostra que a exploração da política como negócio de família não tem contornos
ideológicos
Uma recente reportagem do Estadão mostrou o
tamanho do domínio do clã Tatto, vinculado ao PT, sobre uma grande área da zona
sul da cidade de São Paulo – que há muito tempo é conhecida como “Tattolândia”.
O que chama a atenção, além da extensão do controle dos Tattos na região, é o
fato de que a exploração da política eleitoral como um empreendimento familiar
no Brasil não tem contornos partidários ou ideológicos.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), por
exemplo, já chegou a afirmar que seu grande objetivo político era “sarneyzar o
Rio de Janeiro”, aludindo ao domínio que o clã Sarney, vinculado ao MDB,
exerceu sobre o Maranhão ao longo de décadas. É discutível se Bolsonaro, de
fato, logrou “sarneyzar” o Rio, mas o fato é que construiu no Estado não só a
sua própria carreira política, como fabricou a de seus dois filhos mais velhos,
Flávio e Carlos Bolsonaro. Já Eduardo Bolsonaro, vulgo “03”, veio para São
Paulo, onde conseguiu se eleger deputado federal também pela força do
sobrenome. O outro filho homem do presidente, Jair Renan, também demonstrou ter
pretensões eleitorais, com estímulo do pai orgulhoso.
Essencialmente, a visão dos Tattos e dos
Bolsonaros sobre a presença da família na política não é diferente da visão dos
Garotinhos. Liderado pelo casal Anthony e Rosinha Garotinho, o clã já transitou
por partidos de diferentes colorações ideológicas, mas nunca deixou de dominar
a política no norte fluminense. Uma filha do casal, Clarissa Garotinho
(PROS-RJ), é deputada federal. Um filho, Wladimir Garotinho (PSD), é o atual
prefeito de Campos dos Goytacazes, base eleitoral do clã. De lá, Anthony e
Rosinha pavimentaram o caminho até o Palácio Guanabara, de onde ambos saíram
para a cadeia. Mas isso é outra história.
Não surpreende que a exploração da política
eleitoral como uma empreitada familiar não apresente recortes partidários ou
ideológicos. A bem da verdade, para os que se beneficiam dessa prática tão
arraigada no País, nem haveria de apresentar mesmo. Afinal, o que une Tattos,
Bolsonaros, Sarneys e Garotinhos, entre outras famílias com muitos mandatários
entre os seus, é justamente a ideia de que os interesses familiares sempre se
sobrepõem aos interesses públicos mediados pela política, esta sim, por
excelência orientada por premissas partidárias e ideológicas, e não por laços
de consanguinidade. Em outras palavras: quando os objetivos privados de uma
determinada família fortemente presente na política, seja qual for a coloração
partidária, colidem com os objetivos gerais da sociedade, tanto pior para a
coletividade.
Jilmar Tatto, o mais proeminente membro do
clã Tatto, atual secretário nacional de Comunicação do PT e figura de destaque
nas pré-campanhas do exprefeito Fernando Haddad ao governo de São Paulo e Lula
da Silva à Presidência da República, pretende ser candidato a deputado federal
nas eleições de outubro. Seus irmãos Enio e Nilto tentarão a reeleição para a
Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e para a Câmara dos Deputados,
respectivamente. Enio está no sexto mandato. Nilto, no segundo. Outros dois
irmãos Tatto, Arselino e Jair, são vereadores na capital paulista.
Mesmo diante dessa forte presença da
família Tatto na política eleitoral – membros da família estão nas três esferas
do Poder Legislativo –, Jilmar afirmou ao Estadão que o envolvimento dos irmãos
na política “não é um projeto pessoal” de cada membro da família, mas sim um
“projeto coletivo”. De fato, vê-se que é. Só faltou dizer a serviço de quem.
É de justiça reconhecer que nenhum dos
irmãos Tatto, assim como ninguém dos clãs Bolsonaro, Garotinho, Sarney ou de
qualquer outro clã presente na política brasileira, tomou à força o mandato que
exerce. Foram todos eleitos de acordo com as leis em vigor. Por isso, é de
fundamental importância a participação dos eleitores para a construção de um
quadro de representação política mais arejado e, principalmente, mais infenso à
contaminação da política por interesses de natureza privada.
Toda eleição é uma oportunidade para que cada cidadão reflita sobre suas escolhas e, na medida de sua responsabilidade, contribua para o amadurecimento da democracia representativa no País.
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