Folha de S. Paulo
Presidente busca posto de candidato
dominante na direita, apesar de ameaça da inflação
Jair Bolsonaro sentiu em 2020 um primeiro
aperto em sua eterna campanha pela reeleição. A demissão de Sergio Moro e a
gestão mortífera da pandemia desorganizaram seu campo político. Em abril, o
presidente caiu para 20% das intenções de voto numa pesquisa Ipespe, enquanto o
ex-juiz e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta somavam quase 30%.
A ideia de fabricar uma direita não bolsonarista para a sucessão do presidente tomou fôlego naquele momento, mas não chegou inteira ao ano da eleição. Números recentes de diversos institutos sugerem que o próprio Bolsonaro reconquistou parte dos eleitores que flertavam com outros candidatos que correm (ou já correram) em sua raia.
Com sinais de retomada da popularidade, o
presidente se aproximou da casa dos 30% em simulações de primeiro turno. Ele
ainda enfrenta incertezas em relação ao cenário econômico, mas o quadro atual
mostra um Bolsonaro com vantagem sobre concorrentes diretos (Moro tem 7% ou
8%), em busca do posto de candidato dominante nesse campo.
O cenário indica que o presidente pode e
star se beneficiando de um retorno de seus eleitores. Parte das pesquisas mais
recentes mostra que ele recuperou terreno em segmentos que impulsionaram sua
vitória em 2018, mas se distanciaram do governo em algum momento –nas faixas de
renda mais altas e nas regiões Sul e Centro-Oeste, por exemplo.
A principal hipótese é que esses eleitores
olharam as vitrines da vizinhança, mas não encontraram o que procuravam.
Bolsonaro voltou a ser visto por muitos deles como um nome que defende seus
interesses e é mais
competitivo do que os demais para enfrentar Lula.
As
dificuldades da tal terceira via fizeram com que o presidente
conseguisse retomar o favoritismo dentro dessa fatia do eleitorado, apesar de
sustentar altos níveis de rejeição fora dela. Um possível repique na inflação
representa uma ameaça a essa posição. Até aqui, no entanto, boa parte da
direita não bolsonarista ainda tem olhos para Bolsonaro.
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