O Estado de S. Paulo
E os militares, apoiam o ataque ao Supremo, em favor de um tipo como Daniel Silveira?
Segundo as pesquisas, o Exército Brasileiro é uma das
instituições mais confiáveis e admiradas pela sociedade, senão a mais. Isso se
reflete no site, na Rádio Verde Oliva e nas redes sociais da instituição, um
sucesso de público. Mas é preciso cuidar muito bem desse patrimônio.
Desde a redemocratização de 1985, nenhum presidente civil fez tanto mal às Forças Armadas quanto Jair Bolsonaro, que saiu do Exército pela porta dos fundos, com patente de capitão. Luiz Inácio Lula da Silva investiu na instituição, com a renovação dos caças da FAB (Dilma Rousseff encontrou tudo pronto), dos submarinos, inclusive de propulsão nuclear, e do novo tanque da Força Terrestre.
E Bolsonaro? Em vez da instituição, privilegiou os militares no Planalto, nos vários escalões, nas reformas. A da Previdência tirou um tico nas aposentadorias e pensões e aumentou os soldos – justo, aliás. Os militares foram diferenciados aí e na reforma administrativa, mas iguais para receber o reajuste agora.
Neste ano, as notícias têm sido
constrangedoras para as Forças Armadas, em especial para o Exército, que está
no terceiro comandante em três anos, depois que o primeiro foi demitido, junto
com o ministro da Defesa e os da Marinha e Aeronáutica.
Assim como Bolsonaro limou toda a cúpula
militar e isso passou quase em branco, jogar o general Hamilton Mourão pela
janela na vice nem fez cosquinha. Boa parte dos militares acha tudo normal,
assim como os absurdos de Bolsonaro na pandemia – e não só nela.
O presidente pôs no lixo o detalhado estudo
da inteligência do Exército na covid, a favor, inclusive, do isolamento social.
Depois, triturou pelo twitter três portarias da Força sobre monitoramento de
armas com civis. Enfim, levou um general da ativa ao seu palanque eleitoral no
Rio, uma falta gravíssima. E daí? Nada. E o Exército volta ao foco, não mais
por picanha e cervejas, mas por Viagra e prótese peniana pagas por você,
leitor. Viagra? É “para hipertensão”. Prótese? Silêncio.
Por fim, a reação às dez
mil horas de gravações do Superior Tribunal Militar (STM), comprovando
o que todo mundo sabe: houve tortura, marteladas e choques elétricos até em
grávidas na ditadura. Para o presidente do STM, general Luiz Gomes Mattos, tudo
não passa de “notícia tendenciosa”. Não, não é. É a realidade: fatos,
orçamento, áudios oficiais do tribunal.
Agora é saber se as Forças Armadas apoiam o ataque do presidente (que o general Ernesto Geisel chamava de “mau militar”) ao Supremo, para defender um tipo como Daniel Silveira e a violência estúpida contra as instituições e a democracia.
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