O Estado de S. Paulo
Terceira via agoniza, União Brasil, PSD e
Podemos vão liberar geral, cada um por si
A terceira via agoniza, com o União Brasil fora, o PSDB se autodestruindo, o MDB revirando suas velhas agonias
e o Cidadania impotente, enquanto a
"opção única” vai deslizando do improvável para o patético e nem se sabe
mais se haverá anúncio de qualquer coisa em 18 de maio, à espera de um milagre.
Desfecho melancólico.
Com fundo eleitoral gigante, tempo de TV para dar e vender e ramificação pelo País, o União Brasil conseguiu engabelar os parceiros de terceira via, matou a candidatura Sérgio Moro e inventou a de Luciano Bivar. A turma esquece rápido. Quem é Bivar? É o que deu a sigla PSL para Jair Bolsonaro em 2018.
A jogada do União Brasil, fusão artificial de PSL e DEM, que abortou lamentavelmente um belo voo, é liberar geral – especialmente pró-Bolsonaro. Esse movimento se repete com o Podemos, de onde Bivar arrancou Moro para jogar no vazio, e com o PSD, que foi parar em Irajá. Seu líder Gilberto Kassab tende para Lula, mas ele e o resto vão com quem for ganhar.
Com União Brasil, PSD e Podemos prontos
para lavar as mãos, a polarização entre Bolsonaro e Lula entra numa nova fase:
a pescaria feroz dos peixes graúdos, jogando a rede para o eleitorado órfão.
Inclusive de PSDB, MDB e Cidadania.
A desenxabida terceira via afunila
para João Doria e Simone Tebet. Na última reunião, o
União Brasil já nem mandou representante e os três tucanos eram todos contra
Doria. A favor do que? Sabe-se lá. E o MDB finge estar com Simone, enquanto
negocia no Nordeste com Lula e está doido para pular no barco de Bolsonaro no
Sul.
Ciro Gomes, do PDT, mantém firme e
forte a terceira posição das pesquisas, mas sem chegar a dois dígitos, e voltou
a ser o de sempre, trocando palavrões e ameaçando com tapas e socos quem grita
contra, algo tão natural em campanhas.
Enquanto isso, Bolsonaro faz duas horas de
homenagens no Planalto para um ex-policial que sofreu dezenas de sanções
disciplinares, ironizou máscaras na pandemia, é casado com uma beneficiária do
auxílio emergencial, ameaça STF, ministros e a democracia. O presidente tenta,
assim, disfarçar inflação, desemprego e queda de renda. Se não colar, resta o
Plano B: desacreditar o sistema eleitoral.
Do outro lado, Lula tem problemas no PT, mas faz política. Consolidou o apoio do PSB e da Rede, amplia o de setores de MDB, PSD e União Brasil e ganhou um troféu e tanto para a campanha: o relatório do Comitê de Direitos Humanos da ONU contra Moro e Lava Jato e a favor dele, que tira munição de Bolsonaro e ataca com a comparação entre os dois governos. Viúvas da falecida terceira via, o que sobra é isso.
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