O Estado de S. Paulo
O Brasil empobreceu nos últimos quatro
anos, e não há populismo que seja capaz de alterar esse fato
A pré-campanha eleitoral segue numa polarização cada vez mais raivosa e, tudo indica, assim vai continuar. Lamentavelmente, do ponto de vista econômico só não se discute o principal: estamos sem crescer há muito tempo e sem perspectivas à frente.
O debate de conjuntura está focado nos próximos meses. Discute-se, furiosamente, se o crescimento deste ano será de 0,5% ou 1%, sem atentar que essas diferenças pouco significam. Considerando os anos de 2019 a 2022, o crescimento médio será de 0,55% ao ano se o PIB corrente crescer 0,5%, ou de 0,68% se crescermos 1%, como prevê o Banco Central (a projeção do Focus está em 0,65%).
Como o crescimento médio da população é de
0,74% ao ano, a evolução do PIB per
capita, nos quatro anos deste governo, será negativa. O ponto
central é que o País empobreceu nesses anos e não há populismo que consiga
alterar esse fato.
As autoridades estão animadíssimas porque
os analistas vêm revendo para mais suas projeções para 2022, resultado de
desempenho algo melhor no início deste ano. Como vimos, isso significou muito
pouco no desempenho desse período. Entretanto, o oficialismo não diz que, junto
com esta melhora, houve um significativo rebaixamento dos números para 2023, resultando
na projeção de apenas 1% no mais
recente Boletim Focus – muito abaixo da projeção de 2,5% feita em
setembro.
Se o Brasil parou, o mundo continuou
andando. Entre
2014 e 2021, enquanto o PIB global cresceu 20,5%, o brasileiro caiu 0,09%!
Naturalmente, com este resultado, não pode surpreender que o número de
desocupados e de pobres em nosso País não pare de aumentar.
Os leitores devem se lembrar que, junto com
a lei que autorizou a privatização da Eletrobras, aprovou-se um
“jabuti” gigante. Um absurdo sem tamanho para beneficiar um grupo pequeno de
empresários conhecidos, pois a lei obriga a contratação de algo como 8 mil MW
de novas usinas a serem construídas em regiões como o Norte e o Nordeste, que
não têm gás, gasodutos, nem demanda firme de energia que justifique os
projetos.
Agora, a Empresa de Pesquisa Energética
publicou um trabalho calculando o custo do projeto em R$ 52 bilhões até 2036, a
serem transferidos aos consumidores.
Calcula-se que a energia brasileira no
mercado regulado seja a segunda mais cara do mundo, apenas atrás da alemã. Isso
é fruto dos desarranjos do setor desde a edição da famigerada MP 579, que vêm
sendo resolvidos pela solução simples de passar todos os custos das
ineficiências para as tarifas.
O atual jabuti vai dar uma grande
contribuição para a estagnação do crescimento brasileiro.
*Economista e sócio da MB Associados
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