Folha de S. Paulo
Nas armadilhas virtuais, com utilização de
dados vazados, tudo parece legal e perfeito
O golpe está na moda. Calma, leitor. Não
falarei sobre o golpe que, de tão anunciado, até com data e hora marcada, em
ataques de fúria que mais parecem faniquitos, está
sendo desmoralizado pelo próprio presidente-golpista. Vou tratar de outros
trambiques, há na praça um festival deles.
Ainda sendo investigados, alguns causam pânico. Usuários de transporte por aplicativo relatam sentir um forte odor de produtos químicos durante os trajetos. Batizado de golpe do cheiro, a dopagem levaria à perda de consciência. No golpe do delivery, os criminosos utilizam documentos falsos e se cadastram como entregadores —em São Paulo, um jovem foi morto com um tiro na cabeça ao defender a namorada. Nas praias cariocas, o crime é à moda antiga: o esperto usa chapéu e carrega uma caixa de isopor para se disfarçar de ambulante e furtar celulares.
Nada, porém, se compara às armadilhas virtuais.
Aparentemente tudo é legal e perfeito, porque
todos os dados de todos os brasileiros vazaram e são facilmente acessados.
Uma a cada três vítimas de estelionatários no Rio é abordada por aparato
tecnológico: através da internet ou mensagens de celular. Um roteiro manjado,
mas quase infalível, inclui
a perda ou roubo do aparelho, daí um número novo de WhatsApp, mas com a
antiga foto da pessoa, e a necessidade de um depósito urgente. Faz um PIX aí.
Nos aplicativos
de namoro, mais arapucas. Um simples encontro amoroso pode se transformar
em sequestro ou assalto. Sentindo medo ou vergonha, as vítimas não costumam
fazer boletins de ocorrência. O documentário "O
Golpista do Tinder" mostra um bilontra que se passava por milionário,
pegava empréstimos e, claro, sumia com o dinheiro. Aliás, o streaming está
invadido por filmes e séries —a melhorzinha delas, "Inventando
Anna"— que retratam diversas fraudes. A vigarice é tendência mundial.
Conto do vigário, que ao menos era
divertido, não tem mais.
Um comentário:
Espero não cair em nenhuma dessas arapucas.
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