Folha de S. Paulo
Em jantar com donos do dinheiro, os dois
mostram afinidade mais do que pessoal
Em mais um jantar
de Lula da Silva com donos do dinheiro grosso, um empresário disse que
perguntou "com jeito" ao ex-presidente se as diretrizes
de programa que o PT lançou na semana passada eram para valer.
Lula nem disse sim nem não. Perguntou se o
empresário tinha ouvido o discurso de Geraldo
Alckmin (PSB), seu vice, no começo da reunião. Para quase todo mundo, disse
que ele e Alckmin aprenderam com "anos de cadeira" e erros no
governo. A crise que explodiu em 2015 teve "muitos motivos": baixa do
preço das commodities e na economia mundial e também "erros de políticas
de gente nossa".
Alckmin falara em detalhes da continuidade
de FHC a Lula nas políticas sociais e de controle de dívida e inflação etc.
Disse que "eleição é comparação" e que a alternativa é alguém que
"rompeu" com o progresso dos anos tucano-petistas e ameaça ruptura
maior, com a democracia.
Alguns poucos petistas têm dito coisa
parecida sobre o papel de Alckmin, assim como pessoas com quem Lula conversa
com certa frequência, de fora do partido. Mais do que desanuviar ambientes de
direita para Lula e mais do que um vice "fiador", como o empresário
José Alencar (1931-2011), viria a ser um vice "formulador", que faria
parte do governo.
Sabe-se lá, mas é o que diz gente em condições de ver algo além da névoa espessa que encobre o projeto de um eventual Lula 3. Projeto: planos específicos, quadros capazes de executá-los, apoio político e articulação social para apoiá-los.
A impressão de gente que esteve no jantar é
de que são grandes o entrosamento e a familiaridade de Lula e Alckmin. A
convergência seria reforçada pela influência de Fernando Haddad, ex-prefeito de
São Paulo e candidato ao governo paulista, e de Gabriel Chalita, ex-secretário
de governo de Alckmin.
Haddad não entra em bolas divididas no PT,
diz um ex-governador petista. Circula entre quadros técnicos e acadêmicos da
"direita à esquerda": é alguém que vai trazer o
"arejamento" (sic) para o PT. Alckmin ouviria muito Chalita, uma
espécie de secretário político-programático, diz um empresário que fala bem com
gregos e troianos.
Haddad e Chalita comeriam o mingau do
projeto de governo bem pelo meio, evitando as bordas e as bordoadas do conflito
interno da chapa de Lula. A via Haddad-Chalita seria um caminho por onde
passaria a aproximação de Lulalckmin com quadros de governo, em especial na
área econômica.
Ao empresário do início deste texto, Lula
teria dito que o programa nunca é "fechado", que será resultado de
conversas, inclusive como as daquela noite. Além do mais, teria dito algo como
é "preciso ter planos, mas nem tudo dá para fazer e tudo depende da
conjuntura", como qualquer empresário deve saber também para seus
negócios.
Lula não tem equipe econômica nem de
campanha, mas coordenadores de programa, diz um petista. Políticos, em especial
ex-governadores, disputam a cadeira do ministro da Economia
"político", que daria guarida a quadros técnicos. Quais? Ninguém tem
pista ou ideia.
Alckmin tampouco tem equipe. Não levou
quadros da sua migração do PSDB nem agregou outros, embora fale com muita gente
para elaborar ideias e juntar fatos, tais como os que apresentou no jantar de
terça. Chalita daria um formato a essas apresentações.
De mais específico, Lula teria falado pouco, segundo quatro pessoas que estiveram no jantar. Disse que não haverá "sustos". Que está preocupado em como atrair investimento estrangeiro e privado, com parcerias. Que o BNDES desta vez apoiaria pequenas e médias empresas, de inovação e "desenvolvimento verde", para os quais não há financiamento a bom custo no mercado.
Um comentário:
O Brasil viu que ruim com o PT,pior sem o PT,rs.
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