O Globo
Num tempo em que as entrevistas do Jornal
Nacional com os presidenciáveis são comentadas como final de Copa do Mundo e o
que interessa é saber se o candidato ganhou ou perdeu, pode-se dizer que Luiz
Inácio Lula da Silva cumpriu alguns dos principais objetivos que traçou antes
de chegar ao estúdio da Globo.
O principal era aparecer como um
pacificador, alguém que toma cerveja com o adversário, que prefere o amor ao
ódio e não coloca "rancor na urna". Completando o contraste com
Bolsonaro, outra meta era surgir como um moderado. Não foi por outra razão que
seu vice, o ex-tucano Geraldo Alckmin, foi citado tantas vezes nos 40 minutos de
debate.
Quando confrontado com o seu velho discurso
do "nós contra eles", Lula comparou a guerra política do passado a
uma briga de torcidas – e foi em frente.
Ficou claro, também, o esforço de se mostrar como alguém que marqueteiros de várias correntes apontam ser o que o eleitor mais busca nesse pleito: um resolvedor de problemas. Várias vezes ao longo da entrevista, o ex-presidente encaixou um "eu sei resolver" em suas falas.
Como? Aí a coisa complica. A bomba fiscal
que deve cair no colo do próximo presidente será resolvida facilmente e ainda
vai sobrar dinheiro para encher o Brasil de obras de infraestrutura que darão
empregos a muitos brasileiros, simplesmente porque agora Lula tem Alckmin como
vice e dará previsibilidade aos investidores.
Acabar com o orçamento secreto também será
fácil. Segundo Lula, bastará conversar com os deputados que tudo se resolve.
Nem parece o mesmo presidente que teve o governo paralisado pelo PP de Arthur
Lira justamente porque o partido exigia ocupar a diretoria de abastecimento da
Petrobras, entregue a Paulo Roberto Costa.
Quem conhece a história sabe que ali foi
plantada a semente do petrolão, mas aparentemente isso já não importa. Segundo
o discurso de Lula, quase que nem existiu.
Para o ex-presidente, aliás, a corrupção
parece quase um dado lateral da história de seus governos. O que era o
mensalão, diante do orçamento secreto?
Alguns diretores da Petrobras confessaram
corrupção, é verdade, mas todo o resto foi uma grande mentira fabricada pela
mídia e pela Lava Jato para acabar com seu governo.
Num eventual terceiro governo seu,
inclusive, não haverá corrupção, porque ele não vai tolerá-la. Mas ele não vai
prometer respeitar a lista tríplice para a escolha do Procurador-Geral da
República, porque quer "deixar a pulga atrás da orelha dos
procuradores".
De acordo com a versão de Lula, Dilma
Rousseff foi uma presidente extraordinária que endividou o país para gerar
empregos para os mais pobres.
Segundo ele, Dilma até cometeu equívocos -
como o excesso de desonerações fiscais ou o controle de preços dos
combustíveis. Mas quando tentou mudar, não conseguiu, porque o Congresso
Nacional – esse com quem vai ser tranquilo conversar – não deixou.
Nos 40 minutos de entrevista, Lula
trabalhou bem o contraste com Bolsonaro. Mas quem parou para assisti-la em
dúvida sobre quem seria o Lula de um eventual terceiro mandato – o antipetista,
o evangélico ou o cidadão de classe média que teme a volta dos tempos de
recessão da era Dilma – obteve poucas respostas concretas. Talvez porque o discurso
de Lula revela muito mais pelo que ele não promete.
4 comentários:
A maioria está fechando o nariz para o Lula e rezando para o Geraldo. Esse cara é intragável. Que Deus em sua infinita bondade tenha pena de nós.
Deus foi sempre invocado pelo genocida nos seus 3 anos e meio de crimes e mentiras! E não nos salvou das maldades bolsonaristas... Lula governou por 8 anos e foram anos de melhorias no país e pra maioria da população! Mais experiente e com auxílio do Alckmin, pode repetir e melhorar o que fez! Qualquer coisa é melhor que o DESgoverno Bolsonaro...
Bolsonaro é a desgraça do povo brasileiro! Arrogante e canalha como nenhum outro na história do país...
É tudo confuso e complicado na política brasileira.
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