sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Malu Gaspar - Lula revelou mais pelas promessas que não fez

O Globo

Num tempo em que as entrevistas do Jornal Nacional com os presidenciáveis são comentadas como final de Copa do Mundo e o que interessa é saber se o candidato ganhou ou perdeu, pode-se dizer que Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu alguns dos principais objetivos que traçou antes de chegar ao estúdio da Globo.

O principal era aparecer como um pacificador, alguém que toma cerveja com o adversário, que prefere o amor ao ódio e não coloca "rancor na urna". Completando o contraste com Bolsonaro, outra meta era surgir como um moderado. Não foi por outra razão que seu vice, o ex-tucano Geraldo Alckmin, foi citado tantas vezes nos 40 minutos de debate.

Quando confrontado com o seu velho discurso do "nós contra eles", Lula comparou a guerra política do passado a uma briga de torcidas – e foi em frente.

Ficou claro, também, o esforço de se mostrar como alguém que marqueteiros de várias correntes apontam ser o que o eleitor mais busca nesse pleito: um resolvedor de problemas. Várias vezes ao longo da entrevista, o ex-presidente encaixou um "eu sei resolver" em suas falas.

Como? Aí a coisa complica. A bomba fiscal que deve cair no colo do próximo presidente será resolvida facilmente e ainda vai sobrar dinheiro para encher o Brasil de obras de infraestrutura que darão empregos a muitos brasileiros, simplesmente porque agora Lula tem Alckmin como vice e dará previsibilidade aos investidores.

Acabar com o orçamento secreto também será fácil. Segundo Lula, bastará conversar com os deputados que tudo se resolve. Nem parece o mesmo presidente que teve o governo paralisado pelo PP de Arthur Lira justamente porque o partido exigia ocupar a diretoria de abastecimento da Petrobras, entregue a Paulo Roberto Costa.

Quem conhece a história sabe que ali foi plantada a semente do petrolão, mas aparentemente isso já não importa. Segundo o discurso de Lula, quase que nem existiu.

Para o ex-presidente, aliás, a corrupção parece quase um dado lateral da história de seus governos. O que era o mensalão, diante do orçamento secreto?

Alguns diretores da Petrobras confessaram corrupção, é verdade, mas todo o resto foi uma grande mentira fabricada pela mídia e pela Lava Jato para acabar com seu governo.

Num eventual terceiro governo seu, inclusive, não haverá corrupção, porque ele não vai tolerá-la. Mas ele não vai prometer respeitar a lista tríplice para a escolha do Procurador-Geral da República, porque quer "deixar a pulga atrás da orelha dos procuradores".

De acordo com a versão de Lula, Dilma Rousseff foi uma presidente extraordinária que endividou o país para gerar empregos para os mais pobres.

Segundo ele, Dilma até cometeu equívocos - como o excesso de desonerações fiscais ou o controle de preços dos combustíveis. Mas quando tentou mudar, não conseguiu, porque o Congresso Nacional – esse com quem vai ser tranquilo conversar – não deixou.

Nos 40 minutos de entrevista, Lula trabalhou bem o contraste com Bolsonaro. Mas quem parou para assisti-la em dúvida sobre quem seria o Lula de um eventual terceiro mandato – o antipetista, o evangélico ou o cidadão de classe média que teme a volta dos tempos de recessão da era Dilma – obteve poucas respostas concretas. Talvez porque o discurso de Lula revela muito mais pelo que ele não promete.

 

4 comentários:

Anônimo disse...

A maioria está fechando o nariz para o Lula e rezando para o Geraldo. Esse cara é intragável. Que Deus em sua infinita bondade tenha pena de nós.

Anônimo disse...

Deus foi sempre invocado pelo genocida nos seus 3 anos e meio de crimes e mentiras! E não nos salvou das maldades bolsonaristas... Lula governou por 8 anos e foram anos de melhorias no país e pra maioria da população! Mais experiente e com auxílio do Alckmin, pode repetir e melhorar o que fez! Qualquer coisa é melhor que o DESgoverno Bolsonaro...

Anônimo disse...

Bolsonaro é a desgraça do povo brasileiro! Arrogante e canalha como nenhum outro na história do país...

ADEMAR AMANCIO disse...

É tudo confuso e complicado na política brasileira.