O Globo
Alvo do MP, Cláudio Castro rebateu acusações
cantando música de Roberto e Erasmo Carlos
O Rio de Janeiro teve cinco governadores
presos e pode ter um sexto cassado por crime eleitoral. Se a ameaça se
confirmar, não será por falta de aviso. Na quarta-feira, o Ministério Público
Eleitoral pediu a revogação do diploma de Cláudio Castro. Ele é acusado de
abuso de poder político e econômico no escândalo dos cargos secretos.
O esquema foi revelado pelo UOL, que
noticiou a contratação de 18 mil pessoas sem registro no Diário Oficial e com
pagamentos feitos na boca do caixa. Mais tarde, funcionários contaram à TV
Globo que eram obrigados a devolver parte dos salários a quem os nomeou.
Em sabatina no GLOBO, Castro reclamou da imprensa e se irritou ao ser questionado sobre as irregularidades. “Não falemos de cargos secretos, porque não é verdade. Está informando a população de forma errada”, disse. A ação da Procuradoria conta outra história.
Os investigadores afirmam que o governador
se utilizou “dos cofres públicos para fomentar sua campanha à reeleição”,
atendendo “interesses pessoais escusos” e comprometendo “a legitimidade e a
lisura do processo eleitoral”.
O esquema se concentrou no Centro Estadual
de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro,
o Ceperj. O órgão foi criado para recrutar e capacitar servidores públicos. A
partir de um decreto de Castro, virou cabide de empregos e passou a financiar
programas usados na campanha.
Para os procuradores, o Ceperj foi
“desviado drasticamente da sua função institucional”, num “alargamento
desmedido”. Milhares de contratados se tornaram “cabos eleitorais disfarçados
de servidores públicos temporários”, afirma a ação.
Testemunhas ouvidas pelo MP confirmaram o
uso eleitoreiro das contratações. “A gente era obrigado a participar de todos
os eventos políticos do governador”, contou o ex-funcionário Rodrigo Gaviorno.
“A gente tinha que estar lá para fazer número, para bater palma”, acrescentou
Marcos Pimentel. Ele disse que os nomeados eram tratados como “prostitutos
eleitorais”. Quem se recusasse a ir aos comícios era afastado do cargo. “Ou
você está presente ou você é demitido”, resumiu.
Apesar do volume de provas, Castro não
parece preocupado com o futuro. No dia em que a Procuradoria pediu sua
cassação, ele voltou a negar as acusações e exibiu seus dotes de cantor de
sacristia. Em encontro com jornalistas, o governador recitou os versos de “É
preciso saber viver”, de Roberto e Erasmo. É a música
preferida de seu antecessor Sérgio Cabral, que saqueou o estado e está
prestes a deixar a cadeia.
Um comentário:
O evangelismo já é maioria no Rio de Janeiro,é claro que há crentes que sabem votar,mas parece que a maioria escolhe sempre o pior.
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