Centrão e setores do mercado não enxergam diferenças entre Bolsonaro e Lula
Há
setores do mercado que vivem no curtíssimo prazo e que pulam de Bolsonaro para
Lula e vice-versa com a rapidez com que se especula por resultados imediatos.
Os setores com horizontes mais distantes não enxergam diferenças significativas
entre os dois líderes das pesquisas.
Mais
de um grande fundo já disse isso aos cotistas. O mais recente foi o respeitado
Verde, para o qual Lula e Bolsonaro “são irmãos gêmeos, separados no
nascimento”. Ambos, diz carta redigida pelo fundo, recorrem ao mesmo “populismo
eleitoreiro barato totalmente irresponsável”.
Essa afirmação resultou da análise “técnica” (levando em conta apenas modelos econômicos) dos instrumentos pelos quais o governo Bolsonaro pensa conseguir baixar preços de energia em geral e combustíveis em particular. Conclusão similar ao alerta feito pelo próprio Banco Central, segundo o qual a maneira pela qual o Planalto quer baixar preços e inflação arrisca a produzir o resultado contrário – obrigando o BC a subir mais ainda os juros.
Populismo
eleitoreiro não é fenômeno restrito a personagens como Lula e Bolsonaro nem ao
sistema político brasileiro. É generalizado mesmo em democracias liberais
“estáveis” por toda a Europa. A questão para o Brasil, porém, é muito mais
abrangente por causa do consenso amplo na sociedade brasileira de que a
prioridade não é combater desigualdade, mas, sim, promover o crescimento dos
gastos públicos, dos quais grupos privados e corporativistas extraem renda.
Esse
tipo de “escolha” não é racional nem deliberada, e resulta de longo processo
histórico e cultural – portanto, político. A composição do Parlamento
brasileiro, com suas atuais inéditas prerrogativas de poder, espelha exatamente
esse consenso. Uma amorfa massa “central” de deputados e senadores luta apenas
por seus interesses paroquiais ou setoriais, acomodando-os à custa dos cofres
públicos, sem diferenças ideológicas significativas.
O
que mais impressiona quando se olha para o Brasil de uma perspectiva ampla é o
longo tempo em que está preso à armadilha de renda média. Situação agravada de
forma dramática pelas severas perdas sociais causadas pela pandemia na saúde,
educação e renda. Esse “plano geral” – o das verdadeiras questões de fundo –
não transparece no atual debate político-partidário.
Que se concentra em quem vai apoiar quem em troca de quê. O Centrão segue a lógica do sistema e tem como prioridade formar bancadas. Muito antes dos fundos sofisticados de investimento já havia demonstrado não ver diferenças significativas entre Lula e Bolsonaro. O resto é briga de irmãos.
Um comentário:
Caracole,quanta superficialidade!Não é porque os dois são ''populistas'' que são iguais.
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