A libertação dos negros deveria ter sido acompanhada de uma reforma agrária que contemplasse cada ex-escravo com uma nesga de terra. Em vez disso, os latifundiários foram indenizados pelo Estado Imperial de D Pedro II. Os negros "livres" foram ocupar as bases dos morros chamados criando os "bairros africanos". Virou "favela" depois da Guerra de Canudos por causa de uma plantinha que foi levada do Arraial para o Rio de Janeiro e deu nome a primeira favela criada lá.
As terras que restaram para os negros foram o que sobrou dos raros quilombos que sobreviveram à máquina de moer dos nazilatifúndiarios. O capitalismo já foi liberal, neoliberal e tentou arreganhar os dentes com a cara feia do nazifascismo, o qual, por ironia da história foi derrotado por uma aliança de potências capitalistas com a potência comunista. Enquanto a União Soviética metia medo, o capitalismo exibiu sua cara "humana" com a social democracia. O fim da União Soviética ensejou uma volta por cima do neoliberalismo, agora na versão selvagem de Margaret Thatcher e Ronald Reagan. Hoje em pleno século XXI, já transitando para o "metacapitalismo" (já temos bilionários roubando em bitcoins).
Cá embaixo, na terceira dimensão, a lógica da selvageria encampou o universo digital. A solução desse problema: é agarrar com unhas e dentes a democracia, consolidá-la e desenvolvê-la. Quanto mais democrática for a democracia, menos espaço haverá para um mundo dividido entre bilionários e moradores de rua (homeless), além de conivente com o genocídio de indígenas ianomâmis -envenenados por mercúrio- e os bororos (diga: bôrórus)- estes cometendo suicídio.
Os combatentes do iluminismo socialista estão como cegos no meio de um tiroteio. A Finlândia aposta na educação. A China limitou o acesso de adolescentes aos vídeogames à três dias por semana, três horas por dia. Kkkk. Enquanto durar essa fase selvagem do neoliberalismo digital o clima cultural é terrível. Nos EUA temos Trump, no Brasil temos Biroliro. Lá floresceu George Santos, um bolsonarista perfeito; aqui Sérgio Cabral Filho. O pai, velho vascaíno que escrevia no Pasquim, deve estar arrancando os cabelos de vergonha. Concluímos com uma espectavita positiva.
Esse novo mundo que
é o futuro que já chegou vai permitir uma volta à velha "democracia
direta" que vigorava na Grécia Antiga. A democracia representativa
coalhada de políticos corruptos e venais está falida. O povo não precisa de
parlamentares corruptos (com as honrosas exceções). Vai poder eleger seus
representantes diretamente nos seus celulares.
*Fernando Carvalho é historiador, formado
pela Universidade Federal Fluminense (UFF), autor de “Livro Negro do Açúcar
3 comentários:
Ui... Que meda!
A última frase do texto talvez realizasse o sonho dos bolsonaristas e do Gabinete do Ódio.
Fernando Carvalho.
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