Folha de S. Paulo
Longo processo de aumento da rejeição ao PT
produz fixação do presidente pelo segmento
Lula está de
olho na classe média. Depois de retomar
programas voltados para a população mais pobre, o presidente estabeleceu
como meta recuperar terreno para o PT nas faixas
seguintes de renda.
O petista anunciou em entrevista na última
quarta-feira (22) que, depois do marco de 100 dias de governo, vai trabalhar
para resgatar "o poder aquisitivo da classe média brasileira".
Segundo um auxiliar, Lula demonstra uma fixação por essa fatia do eleitorado.
Em fevereiro, ele disse que "a
classe média não é contemplada em quase nada das políticas públicas do
Estado".
Lula reforçou que pretende isentar do Imposto de Renda os contribuintes que ganham até R$ 5.000 (a um custo de dezenas de bilhões de reais) e elaborar um novo programa de crédito habitacional (em fase preliminar de discussão) para quem ganha mais de R$ 8 mil e está fora do Minha Casa, Minha Vida. A renegociação de dívidas do Desenrola e a operação da Petrobras para baratear os combustíveis também podem ter impacto nesses grupos.
O presidente mira dois núcleos diferentes
do eleitorado, comumente encaixados na classe média. A faixa politicamente mais
importante é aquela que ganha de dois a cinco salários mínimos (36% da
população). A segunda inclui brasileiros com renda de cinco a dez salários (10%
do país).
Em 2022, esses grupos preferiram
Jair Bolsonaro. O então presidente chegou ao segundo turno com nove pontos
de vantagem sobre Lula entre eleitores com renda de dois a cinco salários,
segundo o Datafolha. Na faixa seguinte, ele superava o petista por 15 pontos.
Esses números não vieram do nada. Sem
avanço significativo entre os mais pobres, Bolsonaro centrou atenção na classe
média com medidas como o corte de tributos sobre combustíveis. Na campanha, o
então presidente ganhou 18 pontos de popularidade nesses grupos –no fim, era
aprovado por 52% dos eleitores com renda de cinco a dez salários.
O pano de fundo da inquietação de Lula é um
longo processo de aumento da rejeição a seu partido nessas faixas. Os petistas
venceram as eleições nos segmentos intermediários de renda de 2002 a 2010. A
crise política de 2013 rompeu essa conexão, levando Dilma Rousseff e Aécio
Neves a um empate no ano seguinte. Depois, a classe média deu fôlego ao
impeachment e sentou praça ao lado de Bolsonaro.
A ideia também é amortecer ataques de Lula,
antigos e recentes, direcionados ao que ele chamou de "classe média".
Na campanha, o petista reclamou que o Brasil tem "uma classe média que
ostenta um padrão de vida que não tem na Europa".
3 comentários:
Senta lá Cláudia, a gente classe média odeia o pulha. Não vai conseguir nunca.
Vamuvê.
Com estímulo certo na hora certa, quem sabe...
É a 3a via econômica.
A classe média intelectualizada é Lula toda vida.Os que gostam de livros e prezam a ciência.
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