Folha de S. Paulo
Trio bolsonarista fala de inelegibilidade e
desenha articulações partidárias por governador paulista
Na política, mesmo as hipóteses costumam
ser tratadas com cautela. Um presidente impopular não admite publicamente
que corre
risco de sofrer impeachment. Um candidato pouco competitivo evita
especulações sobre o apoio que dará no segundo turno, sob pena de reconhecer a
derrota com antecedência.
Aliados de Jair Bolsonaro deixaram a fase da hipótese para trás quando o assunto é a inelegibilidade do ex-presidente. Na mesma semana, Valdemar Costa Neto, Ciro Nogueira e Flávio Bolsonaro falaram do cenário com desenvoltura e deitaram cartas na mesa sobre a sucessão na direita.
Os três pareciam ter combinado o discurso.
Na GloboNews, Valdemar protestou por alguns segundos contra um possível veto a
Bolsonaro na eleição, mas logo desfiou nomes que podem substituí-lo na urna.
Nogueira seguiu o mesmo roteiro em entrevista ao Valor Econômico, assim como
Flávio no jornal O Globo.
A direita faz as contas para um 2026 sem
Jair Bolsonaro como candidato porque ouviu o som que sai do TSE. Ainda que
prepare uma gritaria contra o que consideram uma injustiça, o trio tenta mandar
a mensagem de que a direita não depende do ex-presidente na urna e de que o
terreno está pronto para um sucessor.
O sinal mais relevante das entrevistas
talvez tenha sido a exposição de movimentações partidárias para uma candidatura
presidencial de Tarcísio
de Freitas. Valdemar soltou que o governador, hoje filiado ao Republicanos,
teria que "sair com o 22", número do PL. Ciro Nogueira montou até uma
coligação para Tarcísio.
O centrão bolsonarista está mais
interessado no governador do que em seu ex-chefe. Valdemar reconheceu que o
extremismo de Bolsonaro tira votos, e Nogueira admitiu que Tarcísio atrairia
mais partidos do que a chapa do ex-presidente.
A ideia é somar o núcleo de Bolsonaro (PL,
PP e Republicanos) ao PSD
(aliado de Tarcísio) e ao MDB (que quer apoio do grupo na capital
paulista). Na prática, portanto, a candidatura pode ameaçar a estabilidade da
coalizão de Lula até 2026.
Nenhum comentário:
Postar um comentário