Folha de S. Paulo
Enquanto isso, a CPI do 8 de Janeiro está em banho-maria
O celular de Mauro Cid continua entregando
a rapadura. Depois do desvio de dinheiro, das investidas antidemocráticas
no 7 de setembro de 2021 e no 8 de janeiro de 2023 e da fraude no sistema de
vacinação, a Polícia Federal encontrou no aparelho do ajudante de ordens de
Bolsonaro uma minuta golpista e estudos para dar suporte jurídico a um golpe de
Estado.
A perícia na nuvem do Google Drive e do iCloud do tenente-coronel identificou um esboço para decretação da Garantia da Lei e da Ordem, que permite ao presidente da República convocar as Forças Armadas em caso de esgotamento das tropas de segurança em graves perturbações. Exatamente o que se viu na invasão das sedes dos Três Poderes. A instalação da GLO, segundo investigações da PF, poderia facilitar a decretação da minuta golpista –mais uma!– escondida na casa de Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro.
Enquanto o rastreio dos federais avança, os
trabalhos da CPI do 8 de Janeiro estão em banho-maria. "Eu não
conheço nenhuma
razão para convocar o ex-presidente da República", disse Arthur
Maia, que preside a comissão, em entrevista à Folha. Eleitor de Bolsonaro
e aliado de Arthur Lira, Maia parece mais empenhado em aprovar o marco temporal
com o argumento de que quem defende reservas indígenas quer "implantar o
socialismo" no país.
Na mira da CPI estão o atual ministro da
Justiça, Flávio Dino, e o ex, Anderson Torres, que pediu para adiar a oitiva
por não ter condições psicológicas. Quem está louco por uma convocação é o
deputado Amauri Ribeiro. Ele discursou na Assembleia de Goiás em defesa do
coronel da PM Benito Franco, investigado pela Operação Lesa Pátria: "Pode
me prender, eu sou um terrorista, eu sou um canalha. Eu ajudei, levei comida,
levei água e dei dinheiro".
É de conhecimento geral que nos últimos
anos o Brasil perdeu o pudor de ser burro. Subimos um degrau e agora temos o
golpista presunçoso.
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