O Estado de S. Paulo
Quem terá prioridade nos depoimentos na CPI do Golpe? Mauro Cid e Anderson Torres
A CPMI do Golpe começa a definir hoje quais
serão os primeiros depoentes e a oposição bolsonarista terá ainda mais motivos
para se arrepender de ter insistido tanto nessa comissão para investigar,
divulgar e mostrar ao Brasil e ao mundo quem tentou dar um golpe no dia 8 de
janeiro. Alguma dúvida? Zero.
Os dois mais cotados para abrir os trabalhos são o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel da ativa Mauro Cid. Ambos foram presos, sabem de tudo e são o que se chama de “batom na cueca” de Bolsonaro.
Não é trivial um ex-ministro justamente da
Justiça guardar em casa uma minuta de golpe, prevendo o fechamento do TSE e a
criação de comissão interventora, metade civil, metade militar. E menos ainda
um oficial da ativa, com gabinete no Planalto, guardar no celular uma minuta
para pôr o Exército nas ruas.
São movimentos combinados: fecha o TSE,
cria uma comissão interventora, impede a posse de Lula, vitorioso nas urnas, e
convoca Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para pôr o Exército e, quem sabe, os
tanques, na Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios, para sufocar
reações populares e “manter a ordem”, com Bolsonaro eternizado no poder.
O enredo tem como epicentro o próprio
gabinete presidencial. Torres saiu da Justiça e se meteu na Secretaria de
Segurança Pública do DF, responsável pela segurança das sedes dos três Poderes.
Foi dali que ele desarticulou qualquer possibilidade de reação aos terroristas
que invadiriam Planalto, Congresso e Supremo e embarcou para a Flórida, onde
Bolsonaro estava.
Mauro Cid, que tinha sido destacado por
Bolsonaro para o comando do Batalhão de Ações e Comando, em Goiânia, perto de
Brasília, até Lula assumir e sustar a nomeação, foi mentor e executor da
falsificação de atestados de vacina contra covid de Bolsonaro e da filha e
comprova que a quadrilha das vacinas se embolava com a do golpe.
O ex-capitão Ailton Barros, expulso do
Exército, o sargento Luís Marcos dos Reis, unha e carne com Mauro Cid no
Planalto, e o coronel Elcio Franco,
do Ministério da Saúde durante a pandemia,
se sentiam à vontade para trocar mensagens sobre o golpe com o ajudante de
ordens de Bolsonaro.
Se oficiais e sargentos saem muito mal e apontam para a responsabilidade de Bolsonaro na trama golpista, as mensagens comprovam que o golpe não deu certo porque as Forças Armadas jamais caíram na esparrela de enveredar por esse caminho sem volta. Agora, cada um que se vire. Inclusive, ou principalmente, quem era o comandante em chefe dos golpistas.
Um comentário:
Verdade.
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