Folha de S. Paulo
Enquanto Bolsonaro ouve a bomba-relógio,
petista se multiplica em erros e acertos
Dublê de ajudante de ordens da Presidência
e operador de quadrilha, o tenente-coronel Mauro Cid demorou
demais para negociar a delação premiada. Sobretudo levando-se em conta o
histórico das traições de Bolsonaro, useiro e vezeiro em fritar, abandonar pelo
caminho ou fazer coisa pior com seus colaboradores mais próximos.
Quem não perdeu tempo foi o ministro Alexandre de Moraes, do STF, homologando o acordo com a Polícia Federal que deve ajudar a esclarecer os crimes do ex-chefe. Em troca, Cid poderá ter um abatimento da pena em caso de condenação. Não deixa de ser um alívio para quem está ameaçado de ir para o "barro", gíria da caserna que indica punição militar, e sofre pressão do "conglomerado". A expressão nebulosa foi usada por Cezar Bitencourt, advogado de Cid. Tal conglomerado reúne quem ou o quê? Seria o coletivo de milícias?
Fora do Planalto, Bolsonaro —investigado
por fraude em cartões de vacinação, venda de joias recebidas pelo governo brasileiro
e tramar um golpe de Estado— não tem a blindagem que construiu em torno de si
aparelhando as instituições. A partir de agora, a PF entra na fase de
diligências, tomando medidas para aprofundar as investigações. Aos ouvidos do
capitão, soa como uma enorme bomba-relógio, um ensurdecedor tique-taque,
tique-taque.
Inelegível, Bolsonaro assiste à ruína de
sua popularidade. Na cidade de São Paulo, segundo o Datafolha, 68% dos
eleitores dizem que não votariam de forma alguma num candidato indicado por
ele. Nas redes, a ala bolsonarista, perdida, grita ao vento. A última invenção
é que Lula morreu logo após as eleições, o
que vemos são quatro ou três sósias.
Se não fosse puro delírio, explicaria como
um Lula participa da cúpula do G20 na Índia, outro come jabuticaba no pé e um
terceiro demite Ana Moser para pôr no Ministério do Esporte o André Fufuca, que
não sabe quem é a bola.
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