Valor Econômico
Os campos econômico e comercial em 2024
continuarão marcados pelo cruzamento entre comércio e outros temas, com
suspeitas de boa dose de protecionismo
As negociações do acordo Mercosul-União
Europeia (UE) continuam na agenda neste ano, com poucas chances de prosperar.
Também o aprofundamento da Parceria Estratégica Brasil-UE, que poderia explorar
mais áreas como energias renováveis e agenda digital, enfrenta cenário
desafiador.
Este será um ano atípico na agenda europeia.
Haverá eleições europeias entre 6 e 9 de junho, em meio ao avanço da direita
dura em vários países. Essas eleições definirão a nova composição do Parlamento
Europeu para 2024-2029 e as novas autoridades europeias.
Esse processo eleitoral vai desacelerar as atividades nas instituições europeias já em abril, e isso vai até setembro, quando se espera a definição na Comissão Europeia, o braço executivo da UE, de seu presidente e todos seus comissários. A UE se voltará nesse período para questões internas. A agenda será centrada na invasão da Ucrânia pela Rússia e intensificação de discussões sobre adesão de novos membros da UE, incluindo a própria Ucrânia.
Nesse cenário, os desafios para a relação
entre o Brasil e a UE nos campos econômico e comercial em 2024 continuarão
marcados pelo cruzamento entre comércio e outros temas, com suspeitas de boa
dose de protecionismo. Desde 2019, com o Pacto Verde Europeu, Bruxelas colocou
mais ênfase na sua política comercial a serviço de objetivos mais amplos de
política ambiental, saúde e sustentabilidade. Para isso, vem adotando medidas
unilaterais. Utiliza a força de seu mercado interno para impor seu arcabouço
relatório sobre os parceiros e a conclusão é clara: o unilateralismo europeu
tem enorme potencial de elevar os custos nos países produtores e impactar
negativamente nas suas exportações para o bloco europeu.
Um dos principais desafios em 2024 será a
implementação do Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM). Neste mês
de janeiro importadores deverão apresentar, pela primeira vez, relatório de
todas as emissões geradas no processo produtivo de bens inicialmente cobertos
pelo CBAM - ferro, aço, cimento, alumínio, fertilizantes, eletricidade,
hidrogênio - que tenham sido importados na UE a partir de outubro de 2023. Esse
processo deverá se repetir trimestralmente e deverá criar ônus administrativo
importante para os exportadores brasileiros, ainda que as cobranças efetivas a
título de CBAM só se iniciem em 2026, avaliam fontes brasileiras. Outro
complicador é que há diversos pontos ainda não definidos pela Comissão
Europeia. Por exemplo, como será o processo de credenciamento e que entidades
poderão validar os relatórios de emissão apresentados por importadores.
Para o Brasil, o impacto maior virá com a lei
antidesmatamento europeia, que começará a ser aplicada em dezembro deste ano e
atinge 34% das exportações brasileiras para os 27 países do bloco europeu. A
avaliação é de que a adequação às regras de rastreabilidade e geolocalização
previstas nessa lei será um desafio para o setor privado brasileiro, gerando
custos e possível perda de competitividade me relação aos países produtores que
não possuem grandes extensões de florestas protegidas. A UE deverá apresentar
uma classificação de risco de desmatamento de todos os países produtores. Isso
com certeza gerará necessidade de diálogos técnicos e políticos entre Brasil e
autoridades europeias, admitem fontes. Brasília quer que os europeus levem em
conta em suas avaliações a queda do desmatamento na Amazônia no ano passado.
Também as chamadas “cláusulas espelho”, que a
França, especialmente, impulsionou na EU, tendem a azedar em algum momento as
relações com o Brasil. Trata-se da obrigação de que produtos importados de fora
da UE, para ter acesso aos 27 países-membros, cumpram com as mesmas exigências,
em termos de processo produtivo, que vêm sendo feitas aos produtores europeus,
independentemente das suas diferentes realidades produtivas e capacidades. Esse
tipo de cláusula já existe para leis na área de bem-estar animal e uso de
antibióticos e pesticidas na produção agropecuária e resulta, em alguns casos,
em custosos sistemas segregados de produção para atender ao mercado europeu. Em
2024, a tendência é de inserção desse tipo de cláusula em mais normativas,
relacionadas a mais temas, cada vez mais na interface entre saúde, meio
ambiente, mudança do clima e sustentabilidade. Os exportadores brasileiros não
terão como escapar disso.
Duas diretivas, sobre Diligência Devida
Corporativa e Regulamento para proibição de comércio de bens ligados a
trabalhos forçados poderão ser aprovadas antes das eleições europeias.
Não se pode ignorar também o cenário global
de renascimento das políticas industriais e de expansão significativa de
programas de subsídios em meio à intensificação da competição tecnológica e
geopolítica entre as principais potências. A UE tem direcionado centenas de
bilhões de euros para setores de alta tecnologia e relacionados à transição
energética.
Além dos impactos na concorrência gerados
pela política industrial e de subsídios europeia, uma preocupação do lado
brasileiro é a tendência comunitária a favorecer “trilhas tecnológicas
específicas”. Brasília constata no caso dos transportes ser patente a opção
pela eletrificação como via para descarbonização, o que resulta não apenas em
subsídios diversos para o setor de veículos elétricos, mas também na imposição
de barreiras regulatórias a alternativas potenciais, como o etanol e outros
biocombustíveis.
*Assis Moreira é correspondente em Genebra
Um comentário:
■■■Sensacionais, as políticas da União Europeia para avançar soluções para o meio ambiente diante da emergência climática, as políticas sanitárias em relação ao uso de antibióticos e de drogas em geral e outras práticas inaceitáveis na produção de alimentos e as políticas de repressão a uso de trabalho com escravização de pessoas.
■Todos podem aprender um dia, até a Europa.
Neste artigo o autor ainda deixa transparecer alguma intenção de queixa quanto às exigências que a Europa tem feito para relações de comércio. As queixas do autor aos controles que a Europa exige sempre foram brandas e educadas; desta vez, só percebi pequenos sinais das queixas, e mesmo assim porque sabia que o autor faz defesa de interesses do Brasil reivindicando um pouquinho que sejamos tratados como "café-com-leite".
Mas a Europa e todos têm que agir mesmo quanto a estes temas, especialmente quanto ao que envolve a emergência do clima.
■■■As consequências das mudanças climáticas estão esfregava nas nossas caras e não tem como fecharmos os olhos e não agir::
=》Fiquei quatro dias dormindo muito mal e nestes dias procurei localizar o aparelho de ar-condicionado que barulhava insuportável noite e dia.
■Encontrei.
A pessoa que aluga o AP, tendo mudado faz 6 dias, me deu bom motivo para manter o aparelho ligado mesmo fazendo barulho, me disse que outros haviam reclamado e que ela já havia chamado uma empresa de conserto.
Diante do motivo alegado:: uma criança e a situação que envolve, eu lhe disse que por mim ela poderia manter o aparelho ligado até que venha o técnico.
Uma coisa nova que eu descobri ao procurar o aparelho de ar-condicionado barulhento me surpreendeu completamente::
■ Mais da metade dos aparelhos ligados à noite permaneciam ligados durante o dia.
=>Eu tenho quase certeza que há um ano isso não acontecia e que os aparelhos eram desligados. Tantos manterem os aparelhos ligados só pode ser por causa do calor "diferente" que tem feito.
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