O Estado de S. Paulo
Na prática, aliados de Ricardo Nunes tentarão fazer ex-presidente desistir de indicar vice em chapa
Ministros do governo Luiz Inácio Lula da
Silva avaliam que as investigações têm potencial para provocar impacto nas
eleições municipais, principalmente em São Paulo e Rio. A percepção no Planalto
é a de que Jair Bolsonaro vai se tornar um cabo eleitoral tóxico, caso não seja
preso antes.
Candidato a novo mandato, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tem o apoio do ex-presidente e de seu partido, o PL. Mas, após a prisão de Valdemar Costa Neto e das investigações da Polícia Federal, a campanha de Nunes entrou em estado de alerta máximo. O prefeito quer, é claro, os votos de eleitores de Bolsonaro. A equação a ser resolvida agora é: como fazer para evitar o desgaste e se descolar da imagem dele? Na prática, aliados de Nunes tentarão fazer o ex-presidente desistir de indicar o vice na chapa.
No diagnóstico do Planalto, a crise favorece
Guilherme Boulos (PSOL), que tem Marta Suplicy, agora de volta ao PT, como
candidata a vice. Marta deixou o cargo de secretária de Relações Internacionais
da Prefeitura há um mês para fazer aliança com Boulos, a pedido do presidente
Lula. Ao contrário do que faz Nunes, a dobradinha Boulos-Marta trabalha para
“nacionalizar” a disputa.
A candidatura do deputado Alexandre
Ramagem (PLRJ) à Prefeitura do Rio também sofrerá abalos e, na visão de
auxiliares do presidente Lula, pode nem mesmo sair do papel. Ex-diretor-geral
da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem é alvo de investigação da
PF sob suspeita de fazer uso de um software para monitorar adversários de
Bolsonaro e ministros do Supremo. O inquérito também envolve o vereador Carlos
Bolsonaro, filho do ex-presidente e coordenador do chamado “gabinete do ódio”.
No Planalto, ministros lembram que, antes de Ramagem, Bolsonaro havia lançado a pré-candidatura de Braga Netto à prefeitura do Rio, mas foi obrigado a recuar diante das investigações que põem o general como um dos principais líderes do plano para solapar a democracia. Braga Netto foi ministro da Casa Civil, da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022. Ontem, a PF executou ações de busca e apreensão em endereços do general.
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