Folha de S. Paulo
Marketing político de Tarcísio de Freitas
esbarra na realidade
Como o chefe está com o passaporte retido na PF, Tarcísio de Freitas deixou a capital sem luz e esteve em Israel para tirar uma foto com Bibi. Este já foi chamado, um dia, de Senhor Segurança. Apelidos e epítetos vão e vêm. Na época em que estava à frente do Ministério da Infraestrutura, Tarcísio foi o Tarcisão do Asfalto. Ao assumir o governo de São Paulo e bater martelos alucinadamente em leilões de privatização, virou o Thorcísio, alusão a Thor, o deus nórdico. Hoje se candidata a ser um produto híbrido de Bolsonaro e Bukele, o presidente de El Salvador que se autodefiniu como "o ditador mais cool do mundo".
Tarcísio viajou com o governador de
Goiás, Ronaldo Caiado. Os dois se preparam para disputar os votos da
direita nas eleições presidenciais de 2026. Caiado pretende concorrer por um
bloco reunindo União Brasil, PP e Republicanos, e não perde uma chance de
aparecer.
Prestes a ingressar no PL, Tarcísio está
ficando cada dia mais parecido com Bolsonaro. Gastou só 3% do valor previsto para a implantação
de delegacias de defesa da mulher em 2023, ano que registrou recorde de
estupros e feminicídios. Em compensação, insiste na inclusão de militares na rede de ensino, para obrigar
crianças a cantar o hino nacional e cortar o cabelo reco.
Cobrado pelas incursões letais na Baixada
Santista, mandou um "Tô nem aí" com a mesma dicção do
capitão. Entre avanços e recuos, resiste ao uso das câmeras corporais pela Polícia Militar.
Nos planos de marketing tudo corre às
maravilhas, a transformação de Tarcísio em Bukenaro ou Bolsokele está quase
concluída. O chato é a realidade. Um recorte da recente pesquisa Datafolha
mostrou que 88% dos moradores da cidade de São Paulo apoiam as
câmeras nos uniformes. E, segundo o Instituto Sou da Paz, os crimes violentos e roubos de carga na
Baixada aumentaram exponencialmente durante os meses de atividade da Operação
Escudo.
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