O Estado de S. Paulo
O desafio de Nunes será o de capitalizar em
cima da rejeição a Boulos sem parecer bolsonarista
Aliados do prefeito de São Paulo, Ricardo
Nunes (MDB), viram com otimismo o resultado da pesquisa eleitoral RealTime Big
Data, divulgada na semana passada.
A avaliação é que Guilherme Boulos (PSOL),
líder no levantamento, está estagnado em torno dos 34% e ainda não encontrou a
estratégia certa para crescer sobre os indecisos (9%) ou sobre Tabata Amaral
(PSB), que aparece em terceiro lugar com 10% dos votos para a prefeitura.
A escolha da ex-prefeita Marta Suplicy como vice não foi capaz, pelo menos por enquanto, de angariar alguns pontos porcentuais para Boulos.
Nunes, em segundo lugar com 29% das intenções
de voto, está comendo pelas beiradas com sua estratégia de namoro envergonhado
– mas possessivo, pois visa a evitar candidatura própria – com o bolsonarismo e
de buscar o apoio do máximo possível de partidos.
Por enquanto, além do próprio MDB, Nunes já
conta com Republicanos, PSD, PL e PP, além de partidos que apoiaram Lula para a
Presidência, como Avante, Agir e Solidariedade. Negocia-se também a adesão de
União Brasil e da federação
PSDB-Cidadania (que também é cobiçada por
Tabata).
O que o entorno de Nunes chama de “frente
ampla”, mais do que de fato representar uma diversidade ideológica, terá um
efeito prático quando a campanha começar para valer: alémde mais tempo de
propaganda em rádio e TV, ele vai dispor de, no mínimo, o dobro de candidatos à
Câmara de Vereadores do que terá Boulos. Isso porque a regra eleitoral
estabelece um limite no número de vereadores que cada partido pode ter.
Esse exército de aspirantes a vereadores
distribuindo santinhos e fazendo corpo a corpo ajuda a aumentar a capilaridade
da campanha do candidato a prefeito.
O palanque de Nunes vai estar cheio, mas há
uma esperança de que Bolsonaro não suba nele, apenas dê seu apoio à distância.
Teme-se que a rejeição ao ex-presidente em São Paulo contamine o atual
prefeito.
De resto, só de Bolsonaro não apoiar outro
candidato, assume-se que os votos bolsonaristas vão fluir naturalmente para
Nunes, para evitar a vitória de Boulos.
O desafio de Nunes, portanto, será o de
capitalizar em cima da rejeição ao seu adversário sem parecer bolsonarista.
Replicar a polarização extrema da política nacional nos últimos anos é uma
estratégia que só favorece o psolista, que também vai tentar explorar ao máximo
as fragilidades (e não são poucas) da atual gestão municipal.
Um comentário:
Eu fico com Boulos.
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