O Estado de S. Paulo
Não existe relação de causa e efeito entre o partido do governo e o evento climático extremo
As enchentes de proporções inéditas no Rio
Grande do Sul mal haviam chegado às manchetes no resto do País e os abutres
ideológicos já estavam a postos para explorar a tragédia politicamente.
Influenciadores ganharam as redes sociais
para dizer que os gaúchos estão pagando o preço de terem votado em
“governadores neoliberais” que defendem o enxugamento da máquina do Estado.
Políticos de esquerda atribuíram a calamidade das chuvas a uma suposta
associação entre ceticismo climático e o fato de Jair Bolsonaro ter recebido
mais de 56% dos votos para presidente no Rio Grande do Sul, em 2022.
Ambientalistas e jornalistas pegaram carona nessa falácia e vincularam a falta de medidas de prevenção à irresponsabilidade de governantes locais supostamente negacionistas. Investimentos em prevenção poderiam ter mitigado apenas parcialmente os efeitos das chuvas intensas que o estado tem enfrentado.
O sistema antienchente de Porto Alegre tinha
como parâmetro o nível das águas na inundação histórica de 1941 — um parâmetro
que foi quebrado nos últimos dias.
No interior do estado, produtores estão
jogando fora dezenas de milhares de litros de leite diariamente porque não têm
como transportar o alimento para as indústrias de laticínios: pontes e rodovias
que dão acesso às propriedades foram destruídas pela enxurrada.
O que poderia ter sido feito para evitar esse
tipo de situação? Pode até existir um componente de má gestão nos investimentos
insuficientes em prevenção, mas é um equívoco atribuir isso à afiliação
política dos governantes.
Não existe relação de causa e efeito entre o
partido do governador de ocasião e calamidades provocadas por eventos
climáticos extremos. Ou as inundações no Nordeste, em 2022, foram culpa do PT e
do PSB, que governavam alguns dos Estados afetados?
Além disso, é injusto acusar os gaúchos em
geral de negacionismo só porque muitos votaram em Bolsonaro. Como
mostrou um estudo publicado por pesquisadores
da FGV na revista científica Nature, em novembro do ano passado, a crença dos
brasileiros nas mudanças climáticas está mais associada a fatores psicológicos
do que a ideologias políticas.
A correlação existe, mas não é tão relevante
estatisticamente quanto se poderia imaginar. Atribuir aos gaúchos uma espécie
de culpa político-ideológica pela tragédia climática que enfrentam é
cientificamente incorreto e moralmente indefensável.
Um comentário:
A culpa é do nosso desequilíbrio emocional,o ser humano odeia tudo e todos,se todo mundo amasse o próximo como a ti mesmo não teria sofrimento na terra,simples e impossível assim,rs.
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