sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Bruno Boghossian - Divisão na direita mantém eleição aberta

Folha de S. Paulo

Datafolha mostra quadro mais embolado na decisão das vagas no segundo turno

A eleição de São Paulo volta a flertar com um cenário de incerteza que pode manter aberta a disputa pela prefeitura até a hora da votação. A divisão persistente na direita e a campanha morna na esquerda ampliam a probabilidade de manutenção de um quadro embolado na decisão das vagas no segundo turno.

A variação positiva de dois pontos percentuais de Pablo Marçal na nova pesquisa do Datafolha comprova a resistência do influenciador. Os números emprestam algum alívio ao candidato do PRTB, dado o momento de desgaste acumulado por sua campanha agressiva.

Mais que isso, o quadro derruba a hipótese de que um único candidato de direita seria capaz de provar força e arrastar as fichas desse eleitorado ainda no primeiro turno. Com preferências diversas, esses paulistanos escolheram produtos com embalagens distintas: Marçal e o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Nunes conseguiu frear uma avalanche de Marçal entre eleitores de Jair Bolsonaro, mas o ex-coach conquistou a fidelidade dos mais devotos. Os dois dividem os paulistanos que dizem ter votado no ex-presidente em 2022. O influenciador, no entanto, tem vantagem entre aqueles que se declaram bolsonaristas.

A diferença pode parecer sutil, mas indica que uma parcela relevante do eleitorado da capital paulista não enxerga Nunes e Marçal como alternativas intercambiáveis. Esse desenho reduz a eficácia de apelos por um voto útil e adia a possibilidade de mudanças estratégicas de voto para a cabine de votação.

A indefinição do eleitor na reta final é algo comum. Cerca de um terço (32%) dos paulistanos dizem que ainda podem mudar de voto, um índice semelhante ao observado em anos anteriores. É impossível saber o que cada um deles levará em conta para tomar essa decisão ou continuar no mesmo lugar.

A trajetória do índice de rejeição a Marçal volta a se apresentar como decisiva. O ex-coach conseguiu frear a escalada dessa taxa, mas ainda registra desencorajadores 48%. O problema é que nem os eleitores de Ricardo Nunes passam um pano para o candidato do PRTB: quase metade deles diz que não vota em Marçal de jeito nenhum.

Nunes tem a seu favor uma rejeição baixa (21%) e uma penetração no eleitorado de baixa renda (32%) bem maior do que seus rivais. Mas a pesquisa traz um aspecto frustrante para o candidato do MDB. Sua avaliação como prefeito oscilou e voltou para o patamar anterior ao início da propaganda na TV, o que sugere que o horário eleitoral não teve a potência esperada.

A estagnação de Guilherme Boulos (PSOL) ganha ares de nota de rodapé graças a seu desempenho monótono na campanha.

Numa corrida apertada, o principal trunfo do deputado é o alto engajamento de seus eleitores: 61% deles afirmam que votam em Boulos porque ele é o candidato ideal, e 79% dizem estar totalmente decididos. Se essa lealdade não estiver acompanhada de alguma empolgação, o risco de ficar fora do segundo turno ainda será baixo, mas não deve ser considerado desprezível.

Um comentário:

Anônimo disse...

Toda imprensa Conservadora militante Torce pelo candidato da extrema esquerda Guilherme Boulos mas como candidato é muito ruim, ninguém tem coragem de assumir e muito menos defender aí ficam nessa conversa fiada batendo no Marçal e alisando o Nunes