Folha de S. Paulo
Com crescimento de Ramagem, eleição no Rio se
'nacionaliza' e esquenta na reta final
Cláudio
Castro protagonizou um episódio de comédia ao fazer o papel do
espião trapalhão em mais uma tentativa de ajudar Alexandre Ramagem —cuja
campanha a prefeito baseia-se na segurança pública— e livrar a própria cara das
críticas sobre a dificuldade do governo estadual em conter a violência.
Castro publicou um vídeo mostrando, em detalhes, as novas viaturas descaracterizadas que sua gestão vai entregar à PM, especificamente ao setor de inteligência. As imagens revelaram como são os carros que deveriam ser usados de maneira "disfarçada". Só faltou exibir os números das placas: "Nem parece viatura, né? A ideia é exatamente essa. São 38 carros sem caracterização alguma", disse o governador com pinta de Peter Sellers interpretando o inspetor Clouseau na série "A Pantera Cor-de-Rosa".
Se vencer, Eduardo Paes se
tornará o prefeito com mais mandatos na história da cidade, com quatro,
superando Cesar Maia, com três. Líder das pesquisas, ganhou um presente na
insistência dos rivais em bater no tema da segurança. Era só apontar para
Castro, aliado de seu principal adversário, e dizer: a culpa é dele. Ramagem
deu nota 7 para o desempenho do governador.
Confortável no centro, Paes se equilibrou em
cima do muro, escondendo Lula, que o apoia em troca de aliança para a eleição
do Senado em 2026, e evitando confrontar Bolsonaro no reduto que viu o
bolsonarismo nascer. Sobretudo teve a máquina a seu serviço, fator decisivo
quando se trata de reeleição.
Seu movimento mais audaz foi se aproximar dos evangélicos, força da direita,
trazendo para a campanha a Assembleia de Deus, a Universal do Reino de Deus e o
deputado Otoni de Paula, que na tribuna da Câmara chegou a sugerir o
"método do Rio" para lidar com Lula: "É na bala".
Até então um tédio, a eleição carioca se
"nacionalizou", esquentando na reta final. Com o crescimento de
Ramagem, Paes deu outra volta no parafuso: começou a pregar o voto útil para
derrotar o bolsonarismo. E Lula finalmente apareceu, para fechar com a
prefeitura e o Flamengo um acordo que permite ao clube a posse do terreno onde
pretende construir seu novo estádio.
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