Folha de S. Paulo
Eleitores do influenciador encontraram vasos
comunicantes naturais entre candidaturas de direita
Pablo Marçal liberou
seus eleitores para votar "de acordo com suas convicções, princípios e
ideologias". Resultado: 84% deles declaram apoio a Ricardo Nunes na
largada do segundo turno contra Guilherme
Boulos.
A primeira pesquisa do Datafolha nesta etapa da disputa em São Paulo mostrou que o eleitorado de Marçal fez uma migração em massa para o campo de Nunes. Ainda que o ex-coach seja um político com baixíssima solidez ideológica, os paulistanos que apoiaram sua campanha encontraram vasos comunicantes naturais entre as duas candidaturas que disputavam votos pela direita.
O próprio Marçal abriu o caminho ao longo do
primeiro turno. O influenciador fez ataques duros a Nunes num esforço para
desbancá-lo pela direita, mas o deputado do PSOL era
pintado como seu verdadeiro adversário. A tentativa de nutrir uma aversão ao
rival chegou ao ápice na antevéspera da votação, com o laudo
fraudulento de internação de Boulos.
O efeito não poderia ser diferente, mas chama
atenção pela intensidade. A rejeição a Boulos entre eleitores de Marçal é
avassaladora: 92% dizem que não votam no candidato do PSOL de jeito nenhum.
Apenas 9% rejeitam Nunes.
A aversão dos eleitores de Marçal explica
quase toda a desvantagem de Boulos na batalha de rejeições deste segundo turno.
Na conta geral de entrevistados, 58% dizem que não votam no deputado do PSOL, e
37% se recusam a votar em Nunes.
Com uma rejeição pessoal relativamente baixa
ao prefeito, os números oferecem uma recomendação para que ele mantenha
distância de nomes que poderiam ampliar essa taxa, como Jair Bolsonaro e o
próprio Marçal. Nunes preservaria uma campanha com temperatura e sabor de um
picolé de chuchu, enquanto Boulos tentaria colá-lo ao bolsonarismo.
O desgaste produzido por Marçal e a
existência de um componente ideológico na decisão do voto de seus eleitores
tornam mais complicado o trabalho de Boulos para virar o jogo no segundo turno.
A campanha do deputado do PSOL vai buscar os
votos do ex-coach com um discurso focado na periferia e nos
chamados trabalhadores precarizados. As mensagens podem até penetrar nesses
segmentos, mas dificilmente terão volume suficiente para reverter o quadro.
Para piorar a situação, 89% dos eleitores de Marçal dizem estar completamente
decididos neste segundo turno.
A pesquisa também apresenta um lembrete sobre
os limites à
dobradinha Lula-Boulos na capital paulista. Ainda que o presidente
tenha vencido na cidade em 2022, uma fatia considerável de seus eleitores não
compra o candidato do PSOL: 63% votam em Boulos, e 31% em Nunes. Entre esses
lulistas, 27% se recusam a votar em Boulos.
Um comentário:
Não entendi,se 31% votam em Nunes,o mesmo percentual devia recusar votar em Boulos.
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