Folha de S. Paulo
IBGE divulga nesta quinta número de
crescimento da economia no terceiro trimestre
Afora aberrações, resultado não deve alterar
estimativas de alta de uns 2,1% no ano
Até agora, não há indício de que a economia
brasileira não vá crescer uns 2,1% neste ano. No ano passado, o PIB cresceu
3,4%, o melhor desempenho desde 2011 (descontada a distorção causada pela
variação excessiva da epidemia). Depois da Grande Recessão (2014-2016) e antes
da epidemia, de 2017 a 2019, a taxa média de crescimento havia sido a miséria
de 1,4% ao ano. Vai ser pouso suave.
Nesta quinta-feira (4), o IBGE divulga o PIB no terceiro trimestre e eventuais
revisões. Pelo que se chuta de modo mais ou menos informado, o número
trimestral não deve alterar a previsão para o ano.
O resultado pode causar algum zunzum político
se aparecer um zero (estatisticamente, um nada diferente de 0,1%). Quem sabe
sobrevenha xingação mais estridente do Banco Central.
Para o cidadão comum, que não sabe o que é PIB e não quer saber (quase todo
mundo), o número em si é indiferente.
No que importa politicamente, a inflação recua, em particular a de alimentos,
que andava pela casa de 8,1% ao ano em maio e baixou a 3,6% em novembro. O
aumento do número de pessoas empregadas caiu para o ritmo de 0,9% ao ano, o
mais fraco desde 2023, mas ainda é positivo. A média dos salários cresce perto
de 4% ao ano. Não vai ser a NOTÍCIA de PIB zero que vai amolar a massa das
pessoas.
Para constar, a previsão do Ministério
da Fazenda é de crescimento de 2,2% para o PIB deste 2025. A mediana
de 116 estimativas de "o mercado" é de 2,16% (são as previsões
compiladas no Boletim Focus do BC). Parecidíssimas.
Para o terceiro trimestre, as estimativas mais consideráveis vão de crescimento
de 0,1% a 0,3% (ante o trimestre anterior). Neste intervalo, os resultados não
alterariam aquela previsão média de uns 2,1% para o ano, afora alguma aberração
no miolo da numeralha das contas nacionais.
Pelos dados conhecidos, trata-se de uma economia que, com juros de
arrocho, continuou a crescer a uma taxa respeitável, embora pequena para nossas
necessidades (e não se sabe se sustentável). Respeitável e um tanto
incompreensível.
O mundo do trabalho mudou de modo que ainda não entendemos direito (na nova
oferta e demanda de emprego, na resposta ao garrote dos juros). A
inflação está fora da meta, mas não descabelada e caindo devagar, com
taxa de desemprego ainda em baixa histórica, com salários crescendo. As
estimativas de crescimento do crédito, bancário ou no mercado de capitais,
inclusive as calculadas por economistas de bancos, foram revisadas para cima.
Mesmo com juros asfixiantes e com a grande ajuda de dólar em baixa no mundo e
da desinflação chinesa, não está muito fácil de entender.
Pode aparecer surpresa mais relevante no setor de serviços ou no consumo
privado ("das famílias"), que viria no ritmo mais baixo em mais de
dois anos, estima-se.
Pode haver zunzum político, como já se disse, ainda mais se o PIB do quarto
trimestre, a ser conhecido no ano que vem, vier no ritmo de zero ou em
retração. Quanto a 2026, as previsões, ainda mais chutadas, ficam na casa de
1,7% (para a Fazenda, 2,4%). Teremos o efeito difícil de medir da redução do
IR, de possível antecipação de pagamento de precatórios, do tamanho da safra,
das andanças do preço do petróleo e do dos juros de mercado (que voltaram a
cair de modo mais relevante no final de outubro).
Muito importante: saber que preço de dólar teremos. Um salto do dólar pode
conter a velocidade da queda das taxas de juros em 2026.
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