AS PEDRAS NO CAMINHO DOS CANDIDATOS
Chico Otavio
Chico Otavio
Hoje é dia de sorrisos e gestos confiantes. Diante do olhar dos eleitores, os candidatos à sucessão do prefeito Cesar Maia farão o melhor possível para iniciar a disputa com alegria e otimismo. Uma pedra, contudo, os aguarda no caminho. Todos terão a sua. O professor Marcus Figueiredo, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), analisou o calcanhar de Aquiles de sete candidatos e suas estratégias para neutralizá-lo e evitar tropeções.
Marcus prevê confronto ideológico na campanha, opondo Marcelo Crivella (PRB) aos candidatos de esquerda. Outro dado relevante será, provavelmente, o que chama de fim do maiismo ou da era Cesar Maia. Para ele, não será tarefa fácil para Crivella desvincular-se da Igreja Universal e superar o teto eleitoral no Rio:
- Na República, há uma clara separação de Estado e Igreja. Crivella pode se inspirar na ideologia da igreja, mas não transformar o Estado em veículo de pregação religiosa.
O calcanhar de Aquiles de Fernando Gabeira (PV) e o de Jandira Feghali (PCdoB) são parecidos: superar preconceitos:
- Jandira tem direito de defender causas como o aborto, mas bateu de frente com os católicos em 2006. Sua melhor atitude será dizer que, como prefeita, pretende cumprir o que a lei prevê. Quanto a Gabeira, o fato de ser alguém que já usou maconha não destruiu sua reputação. A tentativa de colar essa pecha depende da reação do candidato. Ele é experimentado e não vai cair na armadilha de ser arrastado para o embate preconceituoso.
Alessandro Molon (PT) e Eduardo Paes (PMDB) enfrentarão obstáculos dentro de seus próprios partidos.
"Molon, sem a aliança com o PMDB, ficou sozinho"
Ele acha que Paes terá de correr contra o tempo e ainda não falou o que tem para oferecer à cidade.
- Já Molon, com o fracasso da aliança com o PMDB, ficou sozinho, como o PT fazia 20 anos atrás. Sendo o partido do presidente, com projeto político para a cidade, teria de ter feito tudo por alianças.
Para Marcus Figueiredo, Solange Amaral (DEM) enfrentará o vínculo com Cesar Maia:
- É a candidata do final da era Cesar Maia e vai pagar o ônus desta fase. É impossível se livrar disso. Pode enfrentar os mesmos problemas de José Serra com FH em 2002.
Já Chico Alencar (PSOL), ao formar com Heloísa Helena o PSOL, um partido micro, reúne uma capacidade de mobilização muito pequena, ainda mais para um partido cujo tempo de TV é quase nada:
- O PSOL ainda é um projeto em andamento.
MARCELO CRIVELLA
A ligação com a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), da qual ele foi bispo, é o calcanhar de Aquiles do candidato. Crivella procura desvincular-se disso, na tentativa de superar o teto eleitoral, atribuído, entre outras razões, à sua relação com a igreja, que causaria restrições aos católicos e aos que não concordam com a exploração política da religião.
JANDIRA FEGHALI
O apoio de Jandira ao direito ao aborto legal é o seu calcanhar de Aquiles. O confronto com a Igreja Católica em 2006, por causa disso, foi erro mencionado como uma das razões de sua derrota para Francisco Dornelles na vaga no Senado. Seus adversários podem tentar provocá-la mais uma vez, para deixá-la mal com setores religiosos do eleitorado.
SOLANGE AMARAL
A vinculação com Cesar Maia é o que pesa. Seus adversários certamente insistirão nisso, confrontando-a com os problemas da administração municipal. Como a influência do prefeito na cena política está em declínio, ela terá, assim, de fazer malabarismo para não aparecer como a candidata da situação e, ao mesmo tempo, não ferir o seu padrinho.
EDUARDO PAES
O candidato terá duas batalhas pela frente, uma delas no tribunal. Ele é acusado de se desincompatibilizar do cargo de secretário de Esportes fora do prazo, o que será argüido pelos adversários. Outro calcanhar de Aquiles será dentro do PMDB, pois sua candidatura foi lançada após o rompimento com o PT e teve resistências internas.
FERNANDO GABEIRA
Aliado de grupos que defendem a união civil entre pessoas do mesmo sexo e a legalização do consumo da maconha, Gabeira terá de ter jogo de cintura para manter tais posições, em sintonia com o seu eleitorado mais fiel, sem assustar aqueles que precisam ser conquistados para alavancar a sua candidatura, incluindo os mais conservadores.
CHICO ALENCAR
O PSOL é um partido pequeno, sem estrutura. E esse é o maior calcanhar de Aquiles do candidato. Ele tentará, para superar o problema, usar as estratégias que o PT adotou no Rio há 20 anos, com festas, criatividade, empolgação da militância. Mas a realidade hoje é outra, e a campanha de rua influencia cada vez menos o voto.
ALESSANDRO MOLON
Precisará afirmar a legitimidade de sua candidatura e seduzir os petistas, depois de um desgastante episódio com o PMDB, que o abandonou recentemente. Caciques petistas de São Paulo e Brasília não esconderam que queriam a cabeça de Molon em sacrifício, em nome de uma aliança com o PCdoB que ajudasse o PT no restante do país.
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