Ludmilla de Lima, Luiz Ernesto Magalhães e Maiá Menezes
DEU EM O GLOBO
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Com fraco desempenho de Solange, base do prefeito se divide entre Paes e Gabeira
Aperspectiva de ficar fora do segundo turno das eleições abriu uma crise no DEM do prefeito Cesar Maia. A insatisfação com o desempenho da candidata Solange Amaral, uma escolha pessoal do prefeito, ganhou voz em reunião na casa do presidente nacional do partido, deputado federal Rodrigo Maia, anteontem. O racha ficou evidente: Cesar e Rodrigo descartaram a possibilidade de apoio a Eduardo Paes (PMDB), primeiro colocado nas pesquisas, enquanto boa parte da bancada na Câmara de Vereadores já optou pelo peemedebista, com quem tem mantido encontros.
A reunião dividiu ainda mais o partido: um grupo defendeu também o apoio velado ao candidato Fernando Gabeira (PV-PSDB-PPS) já na reta final do primeiro turno. Além de irritar os aliados com o veto a Paes, Cesar também os incomodou ao cogitar, num encontro com seu núcleo político no início do mês, na Gávea Pequena, o apoio ao candidato do PRB, Marcelo Crivella. A oposição ao senador une a base do prefeito, que também descarta o apoio à ex-deputada Jandira Feghali (PCdoB), caso seja ela a passar para o segundo turno.
- O clima no encontro é de que foi um erro do prefeito escolher a Solange candidata sem escutar ninguém. Ele vai pagar o preço. Agora é diferente: ao perder o primeiro turno, ele vai ter que dividir decisões com outros atores do partido - afirma um dos participantes da reunião.
Na Câmara do Rio, o interesse por Paes é paroquial. A maioria dos 14 vereadores do DEM está irritada com dificuldades na campanha. Reclamam da falta de apoio da cúpula do partido, que investe em material apenas para poucos candidatos, como o ex-secretário municipal de Obras Eider Dantas e o vereador Carlo Caiado. Paes foi vereador com a maioria deles e manteve o diálogo mesmo ao sair do DEM em 2002, por desavenças pessoais com Cesar e Rodrigo. Há uma queixa ao personalismo do prefeito, que contempla apenas o seu grupo e centraliza as decisões.
- Ninguém anunciou ainda o apoio ao Eduardo temendo perder a legenda por infidelidade partidária. Mas não dá para apoiar o Crivella. Seria suicídio. Além de desagradar a meus eleitores, o senador tem sua base de candidatos nas comunidades. Numa próxima eleição, virariam concorrentes - disse um vereador.
Outro vereador sempre fiel ao prefeito já decidiu o que fazer no segundo turno:
- Os aliados não foram consultados nem em relação a idéias a serem apresentadas no horário eleitoral. A minha opção é pelo Paes. Se quiserem impor outro nome, fico em casa. Ou vou viajar para não ser pressionado.
O discurso é o mesmo de uma vereadora:
- Qualquer escolha do prefeito que não seja o Paes será constrangedora. É melhor viajar para o Paraguai.
"Se meu gabinete falasse...", reage Cesar
No caso de Gabeira, o interesse é dos candidatos com pretensões nacionais de uma aliança em 2010 com o PSDB. Os tucanos no Rio apóiam Gabeira, e uma aliança no segundo turno seria retribuída daqui a dois anos.
O secretário municipal de Transportes, Arolde de Oliveira, confirmou o encontro, mas negou a crise. Ele, no entanto, admitiu uma preocupação com seu futuro político.
- Tenho sete mandatos de deputado federal. Em 2010, sou pré-candidato ao Senado. Mas a precedência é do prefeito Cesar Maia.
O assunto despertou a ira do deputado Rodrigo Maia. Ele nega que na reunião de segunda-feira tenha sido discutido um acordo para o segundo turno no Rio.
- Essa reunião a gente faz toda segunda-feira para traçar a estratégia da semana, o varejo. Não tem a ver com longo prazo. Não é uma reunião da direção do partido, mas de quem ajuda a campanha - disse o filho do prefeito e presidente do DEM, acrescentando que o objetivo do encontro, cujos participantes ele não quis revelar, era decidir o número de placas nas ruas e dividir material de campanha entre os candidatos a vereador.
O prefeito Cesar Maia reconhece as deserções da campanha de Solange. Mas afirma que, como prefeito, também é assediado por candidatos infiéis:
- Probleminhas deste tipo são comuns nas campanhas. O salve-se quem puder proporcional ocorre em todas as eleições. O vereador se aproxima de quem é forte em sua área. Mesmo que tenhamos evitado, isso acontece muito conosco. Vem todo mundo para cima da gente querendo colar. Se há traições, é muito mais em nossa direção. Se meu gabinete falasse...
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